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Pacientes aguardam vaga para fazer hemodiálise

Internados em Mauá, doentes estão sujeitos a infecções; um deles morreu na fila de espera

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
19/09/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A falta de vagas para a realização de hemodiálise ambulatorial obriga pacientes de Mauá a permanecerem internados no Hospital Nardini mesmo tendo condição de ir para casa. Pelo menos seis pessoas estão nessa situação atualmente: deveriam realizar o procedimento em clínicas, mas são submetidas a internação e aos riscos de infecção hospitalar, piora do quadro clínico e até mesmo morte.

Um dos pacientes que seguem internados no Hospital Nardini aguardando vaga para hemodiálise ambulatorial é Jobel Floriano de Carvalho, 74 anos. O morador de Mauá descobriu a insuficiência nos rins em julho e, com isso, a necessidade de diálise três vezes por semana. Ele já poderia ter ido para casa há um mês, mas permanece internado para passar pelo procedimento, explica a filha Elisângela Aline de Carvalho, 36. “Neste último mês ele já pegou duas infecções hospitalares porque no hospital ele fica com cateter. É revoltante, pois sabemos que no caso da hemodiálise ambulatorial a pessoa usa um tipo de acesso que não fica exposto”, destaca.

Uma infecção hospitalar foi responsável pela piora do quadro clínico e morte de Antônio Gavino de Oliveira, 73, em junho, no Hospital Nardini. De acordo com o filho do paciente, o comerciante José Donisete de Oliveira, 52, Oliveira ficou três meses internado aguardando vaga para realizar o procedimento em clínica. “É lamentável e revoltante. Uma pessoa não pode ser submetida a uma internação sem necessidade. Além de tirar a vaga de alguém que precisa de cuidados hospitalares, fica exposta e acaba piorando”, diz.

De acordo com os familiares, os dois casos não são isolados. “Nestes mais de 70 dias que meu pai está internado já vi muita gente morrer aguardando por uma vaga para hemodiálise ambulatorial e outras que dão sorte e conseguem resistir por três, quatro meses, até aparecer a vaga”, revela Elisângela.

Por ser considerado de alta complexidade, o serviço de hemodiálise é realizado nos centros de referência da Secretaria Estadual da Saúde mediante encaminhamento das prefeituras. No caso de Mauá, são ofertadas 100 vagas no Centro de Nefrologia e Hipertensão, na Vila Assis Brasil. A Prefeitura esclarece que 135 moradores da cidade realizam o procedimento atualmente, sendo que 35 são encaminhados para outras cidades.

O custo do procedimento em ambiente hospitalar é até 47% maior que a hemodiálise ambulatorial. A tabela SUS (Sistema Único de Saúde) indica que uma sessão de hemodiálise ambulatorial varia entre R$ 175 e R$ 265. Já a diálise hospitalar, por utilizar diversos outros recursos e retaguardas, tem custo em torno de R$ 500 por sessão, segundo a Prefeitura.

A Secretaria Estadual da Saúde, por meio do DRS (Departamento Regional de Saúde) da Grande São Paulo, esclarece que a central de regulação regional dá início ao processo de busca por vaga para tratamento de hemodiálise assim que é comunicada pela unidade de Saúde de Mauá e que a prioridade é para que o paciente realize o tratamento no município onde reside ou o mais próximo possível.

No caso do paciente Carvalho, ele passará por avaliação na clínica onde realizará o tratamento. O Estado ressaltou que o paciente não deixa de realizar o tratamento durante o tempo em que permanece internado.




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