Cultura & Lazer Titulo Especial
Lupicínio Rodrigues: o
rei da dor de cotovelo

Em razão ao seu centenário, cantor ganha
CD comemorativo e tributo em Santo André

Por Miriam Gimenes
19/09/2014 | 07:00
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Divulgação


‘O meu pobre coração, que agonizando, já não podia mais de tanta dor.’ Os versos da música Loucura, de Lupicínio Rodrigues, que completaria 100 anos nesta semana, foram prenúncio do que acarretaria a sua fraqueza para o amor. Vítima de insuficiência cardíaca, o rei das músicas de ‘dor de cotovelo’ morreu em 1974, mas deixou um legado que já foi e continua sendo cantado por grandes nomes da música popular brasileira.

Não à toa, o CD Lupicínio Rodrigues – 100 anos (Universal Music, R$ 24,90 em média), lançado em comemoração à data, tem as participações de Caetano Veloso, Elis Regina, Paulinho da Viola, Angela Maria, Elza Soares, entre outros. E amanhã, no Centro Cultural Lápis Lazuli (Rua Professor José Franco, 27. Tel.: 4472-4166), em Santo André, ele ganha tributo da cantora Giselle Maria, às 20h30. Os ingressos são R$ 15.

Nascido em Porto Alegre, Lupicínio começou a cantar aos 16 anos de idade, mas foi nas décadas de 1940 e 1950 que suas músicas tomaram conta do País, principalmente quando o seu primeiro sucesso, Se Acaso Você Chegasse, foi tocado nas rádios na voz de Cyro Monteiro. Tempos depois, também foi gravado por Elza Soares. A artista lembra que desde a primeira vez que ouviu a melodia quis interpretá-la. “Desde quando eu era criança meu pai cantava essa música.”

Embora ela admirasse a obra do gaúcho, não o conhecia pessoalmente. Isso a fez cometer uma gafe quando foi cantar em boate e viu um homem com ‘olhos de pidão’ em sua direção. Ele subiu ao palco e disse: ‘Trago uma rosa para outra rosa.’ Recém-viúva, ela não queria pretendentes e falou: ‘O senhor se enganou. Não me chamo Rosa e não gosto de rosa.’

O homem então respondeu: ‘Sei que você é Elza Soares e esse sucesso que acabou de cantar fui eu que dei para você.’ A cantora pediu desculpas e desde então tornaram-se grandes amigos, tanto que ela tem feito shows de tributo ao centenário de ‘Lupe’ e, em novembro, pretende ir à ‘terra do homem’ para gravar CD e DVD ao vivo.

PERSONALIDADE

Dono de bares e restaurantes, boêmio, apaixonado pelas mulheres – embora fosse casado –, Lupicínio valia-se das suas histórias e das que ouvia no balcão do bar para fazer suas composições. “Ele não se destacou como cantor. Apesar de ter gravado discos próprios, sempre fez sucesso na voz de outros cantores”, explica o professor de Cultura Popular da Unesp Alberto Ikeda. O especialista lembra que de 1930 a 1950, Lupicínio e Maysa foram os grandes protagonistas da chamada ‘música de curtir a fossa’. “Qualquer pessoa que esteja apaixonada ou vivendo um drama afetivo se identifica com as letras”, completa.

E quem se identificou também de bate-pronto com o compositor foi a cantora Giselle Maria. Ela, que já fez um show em junho e amanhã promove outro para comemorar o centenário, é apaixonada pelo repertório de Lupe. “Estava ouvindo um disco da Gal chamado Caras e Bocas e escutei uma música chamado Um Favor. Amei.” Decidiu então pesquisar mais sobre ele, que passou a inspirá-la nos 17 anos de carreira. O da andreense vai a fundo na história e composições daquele que, para muitos, foi o que cantou mais visceralmente o amor na MPB. 




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