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Estresse é uma resposta natural

Quantas vezes você já ouviu que aquela dor de cabeça, tontura ou mal-estar que vem sentindo não é nada além de estresse?

Por Leo Kahn
30/06/2008 | 00:00
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Quantas vezes você já ouviu que aquela dor de cabeça, tontura ou mal-estar que vem sentindo não é nada além de estresse? Mas o que vem a ser este tão comentado quadro ou estado, responsável por grande parte das visitas aos nossos consultórios nos dias atuais?

O estresse pode ser entendido como uma reação fisiológica do corpo quando este sente-se ameaçado. É a chamada reação ou resposta de luta ou fuga. Isso se dá em um processo natural de três fases: reação de alarme (primeiro contato), fase de resistência (adaptação) e fase da exaustão. É nesta terceira fase que mora o problema, pois a exposição prolongada ao mesmo estressor pode levar a exaustão e morte do organismo em questão.

O estresse pode ser biológico (por exemplo, causado por bactérias) ou ambiental (calor extremo) mas aqui discorremos sobre os fatores estressores psicológicos e sociológicos tão vivos em nossa realidade atual. Estes, quando percebidos por nossa mente, são decodificados pelo nosso cérebro em um centro chamado hipotálamo, que é o responsável pela conexão corpo-mente. A partir daí são ativados dois trajetos: sistema endócrino e o sistema nervoso autônomo.

O sistema endócrino inclui todas as glândulas secretoras de hormônios, que são levados pelo sistema circulatório a vários alvos alterando a função do órgão ou tecido em questão. Inclui a hipófise, a tireóide, a para-tireóide, as supra-renais, o pâncreas, os ovários, os testículos, a glândula pineal e o timo. Dentre estes órgãos os mais importantes na reação do estresse são a hipófise, as supra-renais e a tireóide secretando hormônios, como o cortisol e a adrenalina, que terão reflexos em nossos sistemas orgânicos (cardiovascular, gastrointestinal, pele,músculos).

O SNA (Sistema Nervoso Autônomo) é o responsável pelo controle de funções involuntárias do organismo como os batimentos cardíacos e a pressão arterial. Ele é subdividido em dois sistemas: simpático (acelerador do organismo e responsável pelo consumo energético) e parassimpático (freio do organismo associado à conservação de energia).

REAÇÃO
Quando um organismo é afetado por um agente estressor, depois da decodificação que ocorre no hipotálamo, ocorre uma ativação do SNA que leva ao aumento da freqüência cardíaca, dilatação de pupilas, aumento de circulação para os músculos nos preparando para a luta ou fuga e, logo após, freio destas atividades voltando a normalidade. É o equilíbrio do sistema.

A essa relação toda descrita acima damos o nome de psicofisiologia do estresse. O mecanismo todo ocorre devido às necessidades orgânicas daquele preciso momento e isso é fisiológico, natural, sendo chamado de estresse positivo. Porém, com o acúmulo de agentes agressores atingindo o organismo associados a respostas desordenadas damos o nome de distresse ou estresse negativo com a perda do equilíbrio do SNA e a danos funcionais ao organismo. Isso pode levar ao aparecimento de doenças.

INFLUÊNCIAS
Hans Selye, um dos pioneiros do estudo do estresse, o define como "resposta inespecífica do corpo a qualquer coisa que lhe seja solicitado". Por este prisma, percebemos que não apenas mudanças externas ruins como morte de uma pessoa amada e desemprego, mas também as positivas como o nascimento de um filho ou a promoção de cargo, podem ser entendidas como eventos estressores desencadeando as mesmas reações fisiológicas.

O casamento ou nascimento de um filho pode estar sendo planejado por anos, mas mesmo assim é entendido pelo corpo como uma mudança e ganha pontos na escala de estresse. O que devemos é fazer o máximo possível para que esse seja um estresse positivo nos preparando da melhor forma possível - como por exemplo deixar os arranjos de flores ou a arrumação do quarto do filho para a véspera - diminuindo o número de variáveis que poderão tornar uma história linda em distresse.


Diagnóstico é o maior aliado

Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC

O equilíbrio emocional é, sem dúvida, a melhor saída para mantermos uma relação corpo-mente saudável. Em primeiro lugar devemos fazer o diagnóstico. Hoje contamos com métodos que nos dão a capacidade de entender o que está acontecendo com essa balança do SNA (Sistema Nervoso Autônomo).

Uma boa história clínica deve ser o ponto de partida. A seguir, podemos com o auxílio de aparelhos de biofeedback (sistemas que permitem o paciente perceber as mudanças do corpo). Esses equipamentos têm como objetivo entender a interação dos sistemas do corpo, obter um panorama da situação. A globalização e a tecnologia nos permite usar nos nossos pacientes de consultório os mesmos aparelhos usados por instituições como a Nasa (Agência Aeroespacial Norte-Americana) e o Exército dos Estados Unidos na avaliação do perfil psicológico de seus profissionais.

Abordagens por meio de intervenções na situação de vida e na percepção do estresse desses pacientes são então necessárias. Podemos usar desde diferentes técnicas de relaxamento como a meditação, relaxamento progressivo e ioga, até o uso desses aparelhos de biofeedback, descritos acima, para este propósito.

Não podemos nos esquecer de mudanças de comportamento em hábitos fundamentais como nível de atividade física e nutrição adequada. Comer bem e exercitar-se é fundamental. O apoio psicoterápico, medicamentoso e o suporte nutricional com suplementos minerais e vitamínicos muitas vezes se faz necessário.

A importância dessa questão é tão grande que, nesta última semana, durante o congresso anual do manuseio do estresse (ISMA-Brasil) em Porto Alegre, eu e outros profissionais da área de saúde lançamos a pedra fundamental da filial brasileira da ISBM (International Society of Behavioral Medicine) ou Sociedade Internacional de Medicina Comportamental, com o claro intuito de entender melhor a relação do estresse e do comportamento no desenvolvimento de doenças nos dias modernos.

O importante não é viver sem estresse, mas saber tirar o melhor proveito dele. Saúde!


Técnicas ajudam a combater o problema

Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC

Jonas Gabriel Pena, do Thor Centro de Estudos Humanos, de Santo André, lida com estresse todos os dias, mas ao invés de ser alvo do problema, ajuda na cura. A dica que o terapeuta dá é que se encontre algum modo de relaxar mesmo com as pressões e horários do cotidiano.
"A correria do dia-a-dia não permite que se tenha muito tempo para si mesmo. Mas só dez minutos de relaxamento ou de massagem podem fazer uma grande diferença", diz Pena. "No trânsito, por exemplo, quando se está parado no carro. Ao invés de ficar irritado, xingando os outros motoristas, dá para fazer um alongamento, ouvindo uma música relaxante."

Mas mesmo quem não está exposto às influências urbanas como o tráfego e a poluição precisa estar atento ao estresse. "Donas-de-casa, que deveriam estar mais tranqüilas porque ficam no próprio lar, aparecem com muitos sinais de estresse, causado pelo excesso de trabalho. Quando elas sentam na cadeira de massagem já começam a desabafar sobre os problemas", conta Pena.

Se para qual for o motivo do estresse, o terapeuta diz que é preciso haja uma mudança de comportamento. "Ensinamos uma respiração mais tranqüila, diferente da acelerada que o estresse causa. Além de fazer a massagem, orientamos as pessoas para terem mais paciência", explica. "Nosso espaço urbano está cada vez mais pequeno. É preciso ter calma para lidar com os problemas do dia-a-dia."




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