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Entre na farra, pague a conta

Os próprios senadores prometem cortar 40% da despesa e acham que isso não vai afetar o funcionamento da Casa

Carlos Brickmann
12/07/2009 | 00:00
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Gente, como este Senado gasta! Os próprios senadores prometem cortar 40% da despesa e acham que isso não vai afetar o funcionamento da Casa. O que quer dizer que, segundo eles mesmos, andavam gastando 40% a mais, sem motivo. E vão cortar o número de diretores para nove. Quantos diretores serão cortados? Isso ninguém sabe: fala-se que hoje há entre 38 e 181 diretores (a propósito, ainda é cedo para comemorar: os cortes serão feitos aos poucos).

Se fosse só o Senado, até que o País estaria bem. O governo federal duplicou os gastos com cartão corporativo - aquele que pagou perfumes em loja de aeroporto, aquele que pagou até lanchinho de tapioca. Neste cartão se usa a desculpa da segurança nacional para que a prestação de contas seja secreta. Saca-se dinheiro e não se sabe quem saca: de acordo com o próprio governo, em 99% dos saques não se sabe quem é o responsável. Diz a Casa Civil que os saques subiram por causa das viagens do presidente Lula: no primeiro semestre do ano passado, ele visitou 75 cidades em 73 dias, e neste ano foram 82 dias em 87 cidades.

A Câmara dos Deputados entra no jogo prometendo aprovar novo aumento para os ministros do Supremo, de R$ 24 mil para R$ 27.700 mensais - o que elevará os vencimentos de procuradores, fará subir o teto salarial dos funcionários públicos, criará um novo parâmetro para os ganhos de deputados e senadores.

Crise? Que nada! Como já disse o presidente Lula, é apenas uma marolinha. Crise econômica é coisa para nós, que pagamos a conta.

A FARRA É SÓ DELES
E não pense o caro leitor que há dinheiro para gastar em coisas que não interessem diretamente a alguém que tenha poder. Há alguns anos, o senador Paulo Paim, do PT gaúcho, tenta manter o valor das aposentadorias, com aumentos iguais aos do salário mínimo (hoje, há um tal fator previdenciário que prejudica os aposentados). O governo (seja o anterior, tucano, seja o atual, petista) se opõe vigorosamente à proposta, porque acha que vai quebrar a Previdência. A emenda de Paulo Paim deve ser votada no mês que vem, mas só passa em uma circunstância: vingança. Se as emendas de deputados e senadores ao orçamento forem aprovadas e o dinheiro liberado, a proposta de Paim fica largada no caminho.

HAJA MURO!
O PT tomou, em poucos dias, sua terceira posição definitiva sobre a permanência ou não de José Sarney na presidência do Senado. A primeira posição, sob pressão do noticiário, foi contra Sarney: exigia seu afastamento enquanto durassem as investigações. Já a segunda, por determinação do presidente Lula, foi a favor de Sarney: apoiava sua permanência no cargo. A terceira é um primor, daquelas que se pensava que só o PSDB, com sua vocação para ficar em cima do muro, fosse capaz de elaborar: o partido é favorável a uma licença de Sarney, desde que Sarney a julgue conveniente; mas, se Sarney resolver manter-se no cargo, o partido terá o maior prazer em apoiá-lo. Enfim, seja o que Sarney quiser.

POR QUE MENTIR?
Há algum tempo, quando o colunista Janio de Freitas noticiou a prisão de um dirigente do grupo terrorista Al Qaeda no Brasil, o ministro da Justiça, Tarso Genro, desmentiu formalmente a informação. Mas uma fonte importante do próprio Governo acaba de confirmá-la: o delegado Daniel Lorenz, da Polícia Federal, relatou que um imigrante libanês, identificado como Sr. K., investigado por fazer propaganda racista na Internet, é suspeito de ligação com a Al Qaeda, e deverá prestar depoimento nos próximos dias. O Sr. K., diz Lorenz, dirige a Jihad Media Battalion, que cuida das relações públicas on line da Al Qaeda, a organização comandada por Osama Bin Laden. Duas perguntas importantes:

1 - Por que o nome do Sr. K. não é divulgado? Normalmente, a Policia Federal identifica as pessoas que prende e informa por que as prendeu;

2 - Por que Tarso Genro desmentiu a informação, se sabia que era correta?

SERRA NA MUDA
Não acredite nas notícias de que o governador José Serra estaria disposto a desistir da disputa pela Presidência, por achar que Dilma Rousseff, apoiada por Lula, seria imbatível. Primeiro, porque Dilma não é imbatível e, nas pesquisas, está muito abaixo de Serra; segundo, porque o grande objetivo de Serra é ser presidente, e ele acha que a próxima eleição será sua última possibilidade real (em 2014, terá 70 anos).

DANÇA TUCANA
Dentro do PSDB, Serra e o governador mineiro Aécio Neves tentam reprisar as manobras de mais de 20 anos atrás, quando Ulysses Guimarães e Tancredo Neves lutavam pela indicação do PMDB. Cada um se coloca, faz suas alianças, e na hora da escolha quem estiver melhor sai candidato, com o apoio do outro. Nessa dança tucana, um parceiro importante do governador paulista é de fora do partido: o prefeito Gilberto Kassab, do DEM.




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