Contexto Paulista Titulo
O que move estes jovens?
Wilson Marini
24/06/2013 | 07:20
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A pergunta do título acima foi feita pelo Jornal da Cidade, de Bauru, em reportagem na sua edição de quarta-feira. E foi repetida milhares de vezes durante a semana no mundo todo por políticos, jornalistas, analistas de tendências e a população que assistiu perplexa aos crescentes e contundentes protestos em todo o País. Duas conclusões foram consenso na mídia. De um lado, a saudável constatação do surgimento de uma nova geração de cidadãos, gestada no mundo virtual das redes sociais e disposta a se expressar coletivamente de forma pacífica. De outro lado, o oportunismo de minoria de baderneiros e criminosos. Em relação à motivação dos jovens que saíram às ruas com suas bandeiras em cartazes, o jornal concluiu que a luta pela redução da tarifa era apenas um item na pauta de discussão das soluções para a cidade. Não foi diferente do que se viu em todo o Interior Paulista, na capital e no restante do País. Mudaram os trajetos das passeatas e as motivações locais, mas o fenômeno social é o mesmo em todos os lugares. Para ajudar a reflexão sobre o significado dos protestos simultâneos e generalizados, a coluna Contexto Paulista faz uma sinopse por amostragem da opinião manifestada em editoriais nos jornais da Rede APJ – Associação Paulista de Jornais. São flashes que lançam luzes para compreender a teia de conexões que une os interesses de milhares de jovens.

Fim das ‘traquinagens’
Em editorial intitulado ‘Despertar’, o Diário da Região, de São José do Rio Preto, disse que os protestos são fruto de insatisfações que há muito estavam entaladas na garanta do brasileiro. “É um recado para a Câmara e a Prefeitura de que o cidadão não vai tolerar traquinagens”, afirma. “Serve como lição aos partidos políticos, já que a população também não se sente representada por eles. Afinal, a prioridade das siglas costuma ser não o bem-estar comum, mas a tomada do poder.”

‘A voz rouca nas ruas’
Com o título ‘A voz rouca nas ruas’, que remete a uma frase de Ulisses Guimarães, o Jornal de Piracicaba disse que as manifestações simultâneas tomaram conta do país e mostraram a força do povo na luta por seus direitos. Segundo o jornal, “a questão não se resume aos valores do transporte público, senão, as manifestações de São Paulo e Rio teriam terminado. A população quer mais investimentos nos setores prioritários, como saúde e educação, quer o fim da corrupção e políticos que ouçam e entendam a voz rouca das ruas”.

Sociedade mais justa
Sob o título ‘No patamar das grandes’, O Liberal, de Americana, disse que 20 de junho será lembrado “como dia de luta, reivindicação, do grito de uma sociedade que não aguenta mais a pecha de idiota, ingênua e de massa eleitoral”. Segundo o jornal elogiou a participação maciça no ato que parou simultaneamente centenas de municípios no país. “Parabéns ao povo de Americana e aos milhões de brasileiros que disseram basta aos desmandos e agora podem voltar a sonhar com uma sociedade mais justa.”

‘O gigante acordou’
Para O Imparcial, de Presidente Prudente, a manifestação pacífica deve provocar mudanças na conduta das autoridades. Lembrando alguns dos motes usados nas passeatas – “O gigante acordou”; “Verás que um filho teu não foge à luta”; “País mudo não muda” – o jornal opina que “agora o que se espera é que as autoridades competentes não finjam surdez perante tanta movimentação, diante do calor por justiça do ser humano. Que a população seja voz ativa nos plenários e que seja respeitada sua vontade. Brasileiro é gente do bem, que está cansado de injustiça e quer viver em paz!”.

Recado aos políticos
O Comércio da Franca opinou que o cidadão “deu provas de que acompanha a indignação nacional contra o verdadeiro descaso com o qual o cidadão é tratado no País”. Com esses protestos, segundo o jornal, “a voz do povo se faz ouvir e grita a sua insatisfação, o seu descontentamento, a sua raiva, num verdadeiro recado aos políticos”. O jornal condenou atos de vandalismo no editorial intitulado ‘Eles não nos representam’.

Transporte na agenda
O Vale, de São José dos Campos, em editorial intitulado ‘Mudar a Agenda’ afirma que os protestos nas ruas ganham contornos de uma manifestação difusa contra tudo e contra todos, mas ainda é tempo de refletir sobre a causa inicial dos distúrbios – os aumentos nas tarifas de ônibus e a precária qualidade do transporte público. “Com as manifestações espalhadas pelo país, tornou-se impossível negligenciar a premissa constitucional de que o transporte é direito do cidadão e dever do Estado”.

O político desonesto
Sob o título ‘Sem líderes, sem pauta, sem partido e por todos’, a Folha da Região, de Araçatuba, afirma que “o caráter apartidário da mobilização que tem feito o País pulsar está mexendo com os políticos”. E mais: “A banda boa dos manifestantes sabe, perfeitamente, que o custo de vida, o preço do feijão, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. Sabe que da ignorância política nascem as mazelas e o pior de todos os bandidos: o político desonesto”.
 




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