Apesar do brutal assassinato e do sentimento de vazio que a morte de Celso deixou, Ivone garante que não há outra história para acreditar. “Eu quero sobreviver e criar meus filhos. Foi esta a decisão que tomei: trabalhar em cima dos depoimentos que foram feitos. Eu não quero enlouquecer”, afirmou.
Para Ivone, o fato de não morar na mesma casa que Celso não significa que ela não sabia o que se passava com a vida particular do prefeito. “Convivia com ele 24 horas por dia. Vivíamos como um casal e não tinha como não saber o que se passava com ele. Se tivesse acontecido algo, eu saberia porque também fazia parte do grupo político do Celso”, disse.
Um dos fatores que motivou a socióloga a acreditar na versão apresentada pela polícia sobre o caso foi a falta de provas. Segundo Ivone, se as denúncias de corrupção na Prefeitura tivessem fundamento, as provas teriam aparecido e os culpados, punidos. “Se existe esse esquema de propina, tem de ser apurado. Mas acredito que foi uma leviandade da forma como tudo foi conduzido”.
Além das denúncias que envolveram a administração e a possível relação com a morte do prefeito, Ivone teve ainda de enfrentar um câncer na tireóide e a ausência da filha Liora (fruto de seu casamento com Michel Mindrisz), que ficou 11 meses na Alemanha. Porém, a falta do companheiro foi o que mais fez a socióloga sofrer no primeiro ano sem Celso Daniel. “No início foi muito difícil ir ao cinema e freqüentar os mesmos restaurantes que íamos juntos. Não sei como sobrevivi”, afirmou Ivone.
Sobre a família do prefeito assassinado, Ivone lembrou que o próprio Celso não mantinha relacionamento com os irmãos, apenas com a mãe, Maria Clélia. A falta de contato de Ivone com a família faz com que ela tenha poucas informações sobre o processo que definirá o destino dos bens deixados pelo namorado. Isto porque a inventariante é a mãe. Já sobre a ação que entrou na Vara Familiar no Fórum de Santo André, Ivone faz suspense: “Está sob segredo de Justiça. Não posso comentar nada”.
Inconformada com a morte do namorado, Ivone ia toda semana ao cemitério visitar o túmulo do Celso. Hoje, apesar de ainda não estar certa do que aconteceu, a socióloga vai de duas a três vezes por mês. “Foi muito difícil aceitar a morte dele, talvez porque eu queria que aquilo nunca tivesse acontecido. Então, vou ao cemitério e levo flores”.
A indignação fez com que Ivone declarasse, há um ano, que não deixaria o caso cair no esquecimento. Um ano depois da morte e seis meses sem grandes novidades sobre o crime, a socióloga disse que notícias no jornal não significam que o assunto se esgotou. “Disse aquilo, mas hoje refiro-me à memória do Celso que quero preservar”.
Ivone também teve dificuldades para dar continuidade ao trabalho que realiza na Escola de Governo, uma organização não-governamental idealizada por Celso Daniel que faz estudos e propostas para a administração pública. O prefeito assassinado lecionava em um dos cursos da Escola e a continuidade ao programa foi prejudicada no ano passado.
Ela lamentou o fato de o prefeito não estar presente para comemorar a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contribuir ainda mais com o governo federal. “Ainda está para nascer o homem com a capacidade intelectual que o Celso tinha”, disse, ao lembrar que o namorado acreditava na chegada do PT ao Palácio do Planalto. “Ele dizia que desta vez a briga ia ser boa porque o Lula estava no ponto”.
Segundo Ivone, o prefeito já deixou sua marca porque foi ele quem elaborou as diretrizes do programa de governo do Lula.
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