O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Rodney Miranda, designou sexta-feira um delegado especial para investigar o tumulto ocorrido na noite de quinta-feira, com tiros e agressões no fim da caminhada de abertura do 2º Fórum Social Brasileiro, na Praça do Carmo, centro do Recife. O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Jaime Amorim levou um tiro de raspão no polegar direito; pelo menos cinco manifestantes ficaram machucados. Também o capitão Dimerson Mendes, de 41 anos, da Polícia Militar, foi espancado e outros dois policiais militares ficaram feridos. Todos passam bem. Para assegurar isenção na apuração do inquérito, MP (Ministério Público) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acompanharão as investigações, a pedido do delegado especial José Durval.

A organização do 2º Fórum Social Brasileiro, também chamado Fórum de Abril, que se encerra neste domingo, repudiou a “truculência policial”. “A violência é uma expressão de opressão inaceitável”, dizia a nota divulgada pela manhã. Os organizadores do Fórum foram procurados pela Secretaria de Defesa Social para ajudar a acalmar os ânimos e não estimular nenhum clima de confronto. Não houve alteração na programação.

O coordenador nacional do MST João Paulo Rodrigues considerou o incidente “uma provocação malfeita por dois policiais militares”. “Não acredito que esta tenha sido uma posição do conjunto da PM, até porque não havia necessidade de tais métodos para desmoralizar e atrapalhar o evento”, disse, enquanto Amorim avaliou que foi uma tentativa da polícia de tumultuar o fórum e pôr a culpa no MST.

Amorim, o assentado Severino de Melo Filho (atingido de raspão no cotovelo), da CPT (Comissão Pastoral da Terra), e um cinegrafista que sofreu escoriações prestaram queixa quinta-feira à noite na Delegacia de Santo Amaro. Sexta-feira, foi a vez do capitão da PM prestar queixa por agressão e roubo da pistola dele, ponto 40 exclusiva da corporação.