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Mostra Ukiyo-ê reúne gravuras japonesas dos séculos XVII e XIX
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
15/10/2005 | 09:08
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Vinte e uma gravuras japonesas pertencentes ao acervo do Consulado Geral do Japão em São Paulo estão em exposição, pela primeira vez em conjunto fora do consulado na mostra Ukiyo-ê, integrante da 3ªBienal de Gravura de Santo André. As xilogravuras reproduzem cenas de atores do teatro kabuki, gueixas, cotidiano de mulheres e paisagens do Japão dos séculos XVII e XIX. Dois nomes importantes na história da gravura japonesas estão em exposição, Kitagawa Utamaro (1753-1806), o primeiro artista japonês a ser conhecido no Ocidente no século XIX, Toshusai Sharaku, que produziu apenas durante um ano, entre 1794 e 1795, e Torii Kiyonaga (1751-1815), que retratava belas mulheres.

São gravuras representantes da "arte plebéia", que influenciou os impressionistas europeus. Ukiyo-ê é nome de técnica e gênero. A técnica envolve três pessoas no mínimo, o desenhista que pinta em aquarela, o gravador que entalha na madeira e o impressor, que controla a qualidade da cor e faz tantas impressões quantas forem as cores utilizadas. O gênero está na origem da palavra Ukiyo-ê – uki (flutuar), yô (mundo), ê (desenho) –, que significa mundo "flutuante". É o "mundo" de teatros, restaurantes, casa de chá e de gueixas.

Com o fim das guerras civis por volta de 1600 e sob o regime único do shogunato, o Japão isolou-se e prosperou em paz. Uma burguesia ascendente impôs seus gostos à aristocracia decadente. Edo (Tóquio) foi fundada para ser a nova capital. O comércio era intenso e as diversões, idem. Os habitantes chamavam esse estilo de vida de Edo de mundo flutuante, na linha de pensamento de que nada é permanente. Para retratar a época, desenhistas e gravadores produziram desde fins do século XVII uma arte de baixo custo.

Kitagawa Utamaro destacava atitudes eróticas das gueixas. Suas xilogravuras de cortesãs foram precursores dos primeiros pôsteres de pin ups. Dois trabalhos do autor estão na mostra.

Sabe-se pouco sobre Toshusai Sharaku, que também tem duas gravuras expostas. Ele retratou o mundo do teatro Kabuki. Assim como é raro encontrar seus originais, não se acham gravuras que tenham sido impressas no período em que os artistas desta mostra viveram. "Não sabemos a data das gravuras expostas, nem o Consulado. Também não temos certeza se são impressões dos séculos XVIII ou XIX", disse Paula Pedroso, gravadora e uma das curadoras desta mostra.

Ukiyo-ê – No Museu de Santo André – r. Senador Fláquer, 470, Centro. Tel.: 4438-9111 e 4436-3457. De segunda a sexta, das 8h30 às 16h30; sábados, das 9h às 14h30. Entrada franca. Até 26 de novembro.




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