O Irã não aceita a suspensão do enriquecimento de urânio que é contrário a seu direito e ao Tratado de Não-proliferação (TNP), declarou nesta quinta-feira o vice-presidente da Organização de Energia Atômica iraniana, Mohammad Saidi, falando à agência de notícias Irna, horas depois da divulgação do relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena.

O relatório certifica que Teerã não acatou as exigências do Conselho de Segurança da ONU, como determina a resolução 1737. O texto, aprovado em 23 de dezembro por este órgão da ONU, exigia do regime o fim de suas atividades nucleares sensíveis em até 60 dias.

De acordo com o relatório, o Irã continua a enriquecer urânio em sua usina de Natanz, no centro do país, e ainda instalou em um local subterrâneo, também em Natanz, quatro cascatas de 164 centrífugas, as máquinas que permitem enriquecer urânio.

Segundo Saidi, abandonar o enriquecimento seria "contrário aos seus direitos, ao Tratado de Não-Proliferação e às regras internacionais", motivo pelo qual "Teerã não poderia aceitar a resolução 1737".

Saidi não apenas justificou sua recusa a obedecer às exigências da ONU, como garantiu que o regime "informou a AIEA sobre sua intenção de instalar 18 cascatas" de 164 centrifugadoras, ou seja, "3 mil centrifugadoras" até maio.

"As nove toneladas de gás transferidas para Natanz sobre as quais fala o informe do chefe da AIEA, Mohamed ElBaradei, dizem respeito à implantação de 3 mil centrifugadoras", completou.

Em janeiro, o Irã já tinha anunciado que pretendia "continuar a instalar progressivamente 18 cascatas" para chegar a 3 mil centrífugas, previstas para entrar em funcionamento até o mês de maio.

O principal negociador iraniano para o tema nuclear, Ali Larijani, disse na terça-feira ao diretor-geral da AIEA, Mohammed ElBaradei, que as sanções da ONU "não terão nenhum efeito sobre o Irã", e avisou que "o Irã não suspenderá suas atividades de enriquecimento sob pressão".