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Promotor apura irregularidades na saúde de Diadema e no São Lucas
Por Bruno Ribeiro e Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
07/04/2006 | 08:00
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O promotor Jairo Edward de Luca, da Vara da Cidadania de Diadema, promete abrir nesta sexta-feira inquéritos civis para apurar problemas no atendimento da rede municipal de saúde e investigar a morte de uma criança no Hospital São Lucas, da rede particular, nesta  segunda-feira. Segundo o promotor, na rede municipal ele vai se ater ao déficit de 40 médicos, admitido pela administração. E no caso do hospital particular, à falta de funcionários no dia do atendimento a Letícia Grazielli Bernardo, de 9 anos, que morreu na unidade hospitalar.

Ele não apresentou prazos para conclusão do inquérito. Durante o processo, os envolvidos nos casos serão ouvidos pelo Ministério Público. Caso sejam constatados indícios de má gestão administrativa, uma ação civil pública pode ser aberta e os responsáveis, indiciados.

O déficit de 40 médicos na rede pública de saúde de Diadema compromete o atendimento de urgência e emergência na cidade. Nesta semana, o Diário esteve no Pronto-Socorro do Hospital Municipal e encontrou pacientes esperando até sete horas por uma consulta. O problema da falta de funcionários foi admitido pelo secretário de Saúde de Diadema, Marcos Calvo. Segundo ele, a solução definitiva para o impasse só pode ocorrer no segundo semestre deste ano. É quando deve ser definido o plano de cargos e salários para o funcionalismo municipal e conseqüente abertura de concurso público para preencher as vagas abertas.

A estratégia, segundo o secretário Marcos Calvo, é necessária para atrair profissionais para trabalhar na cidade. No último concurso, realizado em novembro do ano passado, apenas 71 das 89 vagas disponíveis foram preenchidas. Dentre os cargos em que as vagas não foram preenchidas, a maioria é de plantonistas de clínica-geral – principal demanda no atendimento de urgência e emergência da rede.

No inquérito civil aberto no Ministério Público, a Promotoria de Diadema deverá apurar o motivo pelo qual as 40 vagas de médico ainda estão abertas. Procurada quinta-feira pela reportagem, a Secretaria de Saúde de Diadema informou que não iria se pronunciar sobre o caso porque ainda não havia sido comunicada pelo MP sobre a abertura do processo.

São Lucas – No caso do Hospital São Lucas, o promotor Jairo Edward de Luca se baseia na acusação de falta de anestesista para a realização da cirurgia de Letícia. A menina teria dado entrada no hospital após fraturar o braço em uma queda em casa, e, enquanto aguardava a operação, se sentiu mal e passou a vomitar sangue. Após o pai de Letícia fazer um escândalo na sala de espera, a menina teria sido levada para a mesa de cirurgia, onde morreu. Uma funcionária teria dito à família que Letícia não havia sido atendido antes por falta de anestesista.

O promotor diz que vai avaliar se o hospital tem funcionários suficientes para atender à demanda. Uma denúncia de falta de higiente foi feita em julho de 2005, o que motivou uma investigação do Departamento de Vigilância Sanitária de Diadema, a pedido do MP. Na ocasião, o São Lucas foi autuado. Em nova fiscalização, em 24 de fevereiro deste ano, a Vigilância Sanitária não encontrou irregularidades no hospital.

Procurado pela reportagem, o diretor-clínico do São Lucas, o médico Renato de Carvalho, não retornou aos telefonemas da reportagem até o fechamento desta edição. Ao ser informada sobre o inquérito que será aberto pelo MP, a Comissão Municipal de Prevenção ao Óbito Fetal e Infantil, que também investiga o Hospital São Lucas, disse que dará seqüência ao trabalho que tem realizado no centro médico.

Ainda não foi aberto inquérito policial para investigar a morte de Letícia. O boletim de ocorrência sobre o caso, registrado às 8h de segunda-feira no 3º Distrito Policial de Diadema, só será entregue nesta sexta-feira ao 4º DP – o mais próximo ao local do acidente que levou à morte da menina. Só depois é que terá prosseguimento.




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