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Documentário retoma polêmica sobre morte de Kurt Cobain
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
24/12/2005 | 09:46
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Daquele dia 8 de abril, quando foi anunciada a trágica morte de Kurt Cobain, até hoje, já se foram mais de dez anos. Onze anos e nove meses, para sermos mais precisos. Mas um novo documentário, All Apologies – Kurt Cobain – 10 Years On... (Indie, R$ 36 em média) retoma o assunto com o intuito de argumentar ou desculpar Kurt pelo suposto gesto extremo do suicídio.

O filme tem 108 minutos e traz depoimentos de pessoas que conviveram com o ícone do grunge, no campo profissional e pessoal. Estão lá gente como o avô Leland Cobain, o produtor Jack Endino, David Frick (editor da Rolling Stone), a ex-namorada Tracey Marander, o primeiro baterista do Nirvana, Chad Channing, além de jornalistas e biógrafos.

O falatório recupera parte da trajetória da banda, recorda a infância e a juventude problemática do Kurt Cobain dependente químico e apontado pela própria mãe como maníaco-depressivo (ou de transtorno afetivo bipolar) e ainda busca justificativas para o suposto suicídio.

Há informações curiosas, como o fato de o Nirvana tem enviado sua demo a 25 gravadoras, sem obter nenhuma resposta. Foi por meio de Endino que John Poneman, da Sub Pop, tomou conhecimento do trabalho. E assim, saiu o primeiro disco, em 1989.

Outro fato revelado no documentário é que, um ano antes de estourar com Smells Like Teen Spirit, Kurt foi recusado para emprego num canil cujo serviço consistia em remover fezes dos cães.

Chovendo no molhado – Só que o grande problema de All Apologies é que ele chove no molhado. Não traz nenhuma revelação contundente ou imprescindível para montar o quebra-cabeça desse mistério que continua sendo sua morte. Pior que isso, simplesmente ignora tudo o que foi informado sobre aquelas mal explicadas circunstâncias para referendar a versão oficial da polícia.

Há uma corrente que defende a tese de que Courtney Love, mulher de Kurt, teria assassinado o marido, ou mandado matá-lo. Herdaria, assim, os direitos sobre todo o legado musical do líder do Nirvana. All Apologies faz apenas uma breve citação a ela, no início, dizendo que “Courtney comemorou (os dez anos sem o marido) de seu jeito pessoal”. Só.

O talento de Kurt é ponto pacífico entre os entrevistados. No entanto, com exceção do jornalista Steve Sutherland (da NME), o único a ter coragem de espinafrar o ídolo, chamando-o de hipócrita, imaturo e patético, todos os outros parecem querer construir a imagem de um cara bom sujeito, incompreendido e problemático, que realmente não suportava mais o peso da fama. All Apologies de fato traz todas as desculpas.



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