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Grande ABC tem 10 multas por dia por uso do celular ao volante

Em 2021, segundo informações do Detran-SP, foram emitidas 3.473 autuações; especialista defende multas com valores mais altos

Aline Melo
Da Redação
15/05/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Os motoristas do Grande ABC cometeram, em média, dez infrações de trânsito por dia pelo uso de celular ao volante no ano passado. Os dados foram informados pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito), a pedido do Diário. De janeiro a dezembro de 2021 foram expedidas 3.473 multas. O número é 29,1% menor do que o total de infrações registradas em 2020, quando foram totalizadas 4.899 ocorrências.

Segundo estudo realizado em 2018 pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), o uso de celular ao volante é a terceira causa de acidentes com morte no trânsito. Outro estudo, de 2015, este do NHTSA (Departamento de Trânsito e Segurança nas Estradas dos Estados Unidos, em português), aponta que o uso de celular ao volante aumenta em 400% da chance de acidentes.

Dirigir e usar o telefone ao mesmo tempo é uma infração considerada gravíssima e prevê multa de R$ 293,47, além de sete pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). 

O coordenador de Mobilidade Urbana do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Rafael Calábria, aponta que a queda no número de infrações ainda é reflexo da pandemia, devido à menor circulação de veículos nos meses em que a maioria das atividades presenciais ainda estavam suspensas.

Calábria defende, entre as medidas para coibir esse tipo de infração, cobrança de valores maiores nas multas. O coordenador alega que há defasagem na valoração das penalidades. “Foram estabelecidos no código de trânsito sem um cronograma de atualização, como, por exemplo, considerar algum índice inflacionário”, sugere. “O valor muito baixo acaba virando uma taxinha e não uma cobrança para desestimular aquele tipo de comportamento”, completou.

Facilidades como os sistemas que possibilitam que o motorista realize e receba ligações usando o sistema de som do carro, sem tirar as mãos do volante e desviar o olhar para a tela do celular, não são exatamente soluções para a questão, pondera Calábria. “É preciso um debate sobre a responsabilização do ato de dirigir”, argumenta. O coordenador destaca que há uma noção disseminada de que dirigir seja algo simples, quase instintivo, que as pessoas podem fazer enquanto conversam e sem muita concentração. “Na verdade o motorista está operando uma máquina num ambiente urbano, envolvendo a sua vida e a de outras pessoas do seu entorno, tem uma responsabilização muito grave que a gente menospreza”, alerta.

Rafael Calábria também destaca que, além de ações de educação de trânsito sobre os riscos de se usar o celular enquanto dirige, há medidas que envolvem a arquitetura das vias e que exercem impacto sobre a redução dos acidentes. O coordenador esclarece que as rodovias e avenidas muito largas são planejadas para o veículos manter uma fluidez rápida e acabam incentivando a velocidade, aumentando assim a possibilidade de acidentes e a gravidade das ocorrências.

Estudos internacionais já apontam, segundo o coordenador, que vias mais estreitas, mais direcionadas, fazem com que os motoristas tenham comportamentos mais seguros, como reduzir a velocidade. “Então é uma mudança também de planejamento viário que é muito pouco debatido no Brasil”, conclui.




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