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Em seis meses, índices criminais registram queda no Grande ABC

Seccionais da região atrelam sucesso dos números à união das forças de segurança; comandante da PM destaca ações integradas

Bia Moço
15/08/2021 | 07:29
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André Henriques / DGABC


Os índices criminais do Grande ABC já demonstram baixas significativas desde 2019, mas, do ano passado para cá, os dados chamaram atenção, sobretudo porque o número de vítimas de homicídio doloso (quando há intenção de matar) teve queda de 37,5% no primeiro semestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020 – foram 50 casos neste ano, ante 80 de 2020. A região também reduziu o número de roubo de veículos, com 1.958 ocorrências em 2021 e 2.111 em 2020, recuo de 7,25% (veja mais na arte ao lado).

Os três delegados seccionais do Grande ABC afirmam que o resultado positivo é reflexo de fatores como maior esclarecimento de crimes e avanços tecnológicos, mas, principalmente, à união entre as forças policiais. 

O comandante do CPA/M-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana 6), responsável pela Polícia Militar em toda a região, coronel Gilson Helio Jesus dos Santos, frisa também a importância das operações integradas. “As operações Grande ABC Mais Seguro vêm ocorrendo rotineiramente em toda a região, porém, de forma alternada entre as cidades, de forma que vêm concentrando esforços e ações em um único município a cada vez, visando a prisão de criminosos, apreensão de armas e drogas, e ainda recaptura de indivíduos condenados e procurados pela Justiça”, explica.

Santos frisa ainda que só no primeiro trimestre deste ano houve 2.401 prisões de criminosos, apreensões de 736 quilos de drogas e de 142 armas de fogo, além de que, 1.906 veículos roubados foram localizados e devolvidos aos donos. “A PM (Polícia Militar) vem desenvolvendo ações firmes, especialmente em relação aos crimes violentos contra a vida. E homicídios e latrocínios são prioridades em razão da sua própria natureza”, disse o comandante.

O coronel destaca ainda que, embora os dados indiquem redução nos crimes de homicídio e nos roubos de veículos, ocorreu “pequeno aumento” nos roubos e furtos em geral e furtos de veículos, o que atrela à pandemia. Os furtos de veículos registraram acréscimo de 20,14%, além de roubos (1,54%) e furtos (16,53%) de objetos em geral.

“É importante frisar que quando estes dados são comparados com os números de 2019, um ano em que a gente estava em situação normal com relação à circulação de pessoas, sem pandemia, todos os crimes tiveram redução importante. Temos de considerar que 2020 foi um ano totalmente atípico, e agora em 2021 o cenário já é bem diferente, com a vida voltando à normalidade”, avalia o coronel. Ele afirma também que a Polícia Militar “vai continuar analisando dados criminais, planejando e executando as ações de forma eficiente” para inibir a criminalidade, mesmo com a retomada do convívio social.

SECCIONAL DE SANTO ANDRÉ


Adilson Aquino 

‘O esclarecimento desestimula a sensação de impunidade’

A Seccional de Santo André é a delegacia que acumula o maior número de cidades sob seus cuidados no Grande ABC, sendo responsável também por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, e registrou queda de 20,83% nos índices de homicídios no primeiro semestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado.

O dado é avaliado como ponto forte de atuação policial para o delegado assistente do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), Adilson Aquino, que atualmente está respondendo pela Seccional de Santo André – o titular, Francisco José Alves Cardoso, está de férias. “Temos de enaltecer os dados de 2021, porque representam até uma produtividade maior do que a gente vê, em princípio, analisando somente os números”, pontuou o delegado, frisando que 2020 foi um ano atípico devido ao auge da pandemia.

“O esclarecimento dos homicídios desestimula aquele que pensa em cometer este crime e acha que vai ficar impune. O caminho é sempre o esclarecimento, identificação do autor e prisão. Essa resposta inibe o criminoso, vai na contramão da sensação de impunidade e, em termos de investigação, a polícia está muito bem”, completou Aquino.

O profissional destacou que a seccional, assim como toda a Polícia Civil, está focada também no esclarecimento de crimes contra o patrimônio. “Além disso, a orientação aqui na região é a de sempre que uma delegacia consegue prender um ladrão em um município, que essa informação seja compartilhada com as cidades vizinhas, porque, às vezes, o criminoso atuava em todos os distritos”, comentou Aquino, pontuando que, assim, é possível esclarecer também outros crimes que aquele indivíduo tenha cometido.

Aquino elogiou ainda a atuação conjunta das forças de segurança do Grande ABC, prevendo que, com a união das polícias Civil, Militar, e GCMs (Guardas Civis Municipais), mesmo com a vida voltando ao normal no pós-pandemia, os indicadores continuem em baixa. “A tendência é que os crimes aumentem por questões econômicas que o País enfrenta e por termos mais pessoas nas ruas que podem ser vítimas. Mas essa atuação conjunta é muito positiva e auxilia na inibição ao crime”, finalizou.

SECCIONAL DE SÃO BERNARDO


Ronaldo Tossunian 


‘Integração das forças de segurança inibe os criminosos’

À frente da Delegacia Seccional de São Bernardo, responsável também por São Caetano, o delegado titular Ronaldo Tossunian destacou, entre outras ações, a união das polícias Civil, Militar e GCM (Guarda Civil Municipal) como um dos pilares para a diminuição dos índices criminais.

“A gente (polícias e GCM) se reúne frequentemente para discutir esses índices. Estamos preocupados com isso e preparados para o que pode vir na retomada da vida normal”, frisou o delegado, explicando que desde março de 2020, quando a pandemia da Covid chegou ao Grande ABC, houve o confinamento das pessoas pelo isolamento físico, o que também teve influência na queda dos indicadores.

Embora comemore as reduções, Tossunian frisou que a retomada da circulação de pessoas aumenta a oferta de vítimas aos criminosos, o que pode elevar os números daqui para frente. “Com essa retomada da vida quase normal, a gente não vai mais poder comparar os índices com 2020 ou 2021, e, sim, com 2019, quando não tinha a pandemia”, reforçou o delegado. “Em 2019 a gente já estava em queda, com 23% de diminuição em homicídios e 38% em roubo de veículos. São quedas significativas já naquela ocasião que ainda não tinha pandemia. Então, em 2022 teremos de comparar com esses dados para se ter uma noção real do que está acontecendo”, completou.

O delegado prevê ainda que a atuação conjunta das forças de segurança pública continue surtindo efeito. “Temos um trabalho integrado, e a união das forças de segurança inibe os criminosos. Estamos atentos aos dados e à retomada pós-pandemia. As polícias e GCM estão preparadas para encarar a volta ao normal”, disse, elogiando a maior atuação ostensiva da Polícia Militar e os avanços na investigação da Polícia Civil.

Tossunian defendeu ainda a atuação integrada nas cidades de São Bernardo e São Caetano, revelando que, neste ano, registraram só dois latrocínios (roubo seguido de morte), ambos esclarecidos. “A resposta do esclarecimento criminal serve de inibição para o bandido. Ele sabe que se cometer crime, a polícia vai atrás e ele será punido. (O criminoso) Pensa seis vezes antes de cometer um delito”, afirmou Tossunian. “Estamos esclarecendo mais crimes e isso resulta em menos criminosos na rua, o que gera queda de índice criminal”, finalizou o delegado.

SECCIONAL DE DIADEMA


Guerdson Ferreira - Delegado titular

‘Esses indicadores de diminuição da criminalidade são reais’

Se teve algo de bom que a pandemia da Covid trouxe para a Polícia Civil foi a aceleração da implementação do boletim de ocorrência eletrônico para todos os tipos de crimes. Essa é a avaliação do delegado titular da Seccional de Diadema, Guerdson Ferreira, que destaca a tecnologia como um dos segredos para queda dos delitos na região.

“Essa diminuição de criminalidade é real porque nesse período (de pandemia) nós tivemos a possibilidade de facilitar o registro de ocorrência. Não precisa mais vir na delegacia, atualmente se faz em casa. Com isso, nós esperávamos que houvesse certo aumento nas notificações e evolução destas estatísticas criminais. Mas aconteceu justamente o contrário”, frisou o delegado, explicando que a facilidade de relatar os crimes também foi um dos fatores que podem ter inibido a atuação dos criminosos. “O grande diferencial foi essa necessidade que a pandemia trouxe, e fez com que se antecipasse um projeto que já tinha andamento”, completou Guerdson.

O delegado também destacou a atuação conjunta das forças policiais, frisando que os meios eletrônicos, que foram ampliados, trouxeram a possibilidade de compartilhamento de dados entre as instituições. “Além disso, vamos ter em breve um registro único, em convênio com as GCMs (Guardas Civis Municipais), no qual os agentes e policiais militares fazem o boletim de ocorrência no local e, pelo sistema, o delegado recebe e autentica. Isso resultará em menos trabalho burocrático e mais policiais na rua”, anunciou Guerdson.

“A soma de esforços tem contribuído para diminuição da criminalidade. A investigação está mais forte e tecnológica e a ostensividade da Polícia Militar também está mais atuante”, elogiou o profissional.

O delegado destacou ainda que o pós-pandemia terá de ser estudado para que haja completo entendimento dos índices antes, durante e pós-Covid. “Eu não acredito que vamos ter uma normalidade em curto prazo porque, mesmo vacinados, ainda teremos de tomar cuidado. Não vai ser normal tão cedo. E vamos ver o que vai acontecer quando ficar um pouco mais parecido com o que era antes da pandemia. Vamos estudar esses índices”, finalizou Guerdson. 




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