Setecidades Titulo Capacitação
Projeto social visa inserir mulheres
venezuelanas no mercado da beleza

Rede Pelle&Capelli, de Santo André, participa de iniciativa que dá oportunidade a migrantes

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
05/08/2021 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


Sessenta mulheres venezuelanas que vieram para o Brasil em busca de melhores oportunidades de vida participam do projeto social Beleza Além das Fronteiras, que tem o objetivo de oferecer capacitação profissional no ramo da beleza. Entre as instituições envolvidas na ação está a rede de salões de beleza Pelle&Capelli, de Santo André. A iniciativa é uma parceria do Movimento Virada Feminina, a Casa Venezuela e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e tem o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas) por meio da OIM (Organização Internacional para as Migrações).

A iniciativa busca investir na autonomia econômica das mulheres venezuelanas migrantes e visa a inserção no mercado de beleza, além de integração no País. “É muito gratificante participar de um projeto deste porte. É uma maneira de darmos alternativa a estas mulheres. Todas têm grandes histórias de vida e acabaram por vir para o Brasil para buscar melhores condições de vida. Queremos que estas mulheres saiam daqui com a possibilidade de elaborar um negócio próprio”, declarou Andreia Bessa, proprietária da rede Pelle&Capelli

No projeto, as 60 mulheres venezuelanas foram divididas em dois grupos e receberam orientação para atuar como assistentes de cabeleireiro. Assim, aprendem a lavar os cabelos, além de aplicar tintura. A capacitação é realizada por profissionais da beleza e que trabalham dentro do salão de beleza. Além do Pelle&Capelli, o curso também é ministrado na Casa Floráh, na Capital.

Ao fim do curso, as mulheres venezuelanas ganharão um kit com produtos e equipamentos para que possam iniciar o próprio negócio em casa e buscar independência financeira. As mulheres também receberam dicas de como empreender no setor de beleza e certificado de participação. Uma das etapas é dar apoio para que as mulheres consigam se formalizar como MEI (Microempreendedor Individual).

“Poder participar de um projeto onde a beleza transforma vidas dá muito orgulho. Vejo a evolução delas a cada semana e vê-las sonhando com um futuro melhor novamente nos faz pensar que podemos mudar, nem que seja um pouco, esse cenário tão incrédulo”, afirmou Andreia.

O primeiro grupo de mulheres deverá encerrar a capacitação já no fim de agosto e o outro grupo de venezuelanas seguirá no curso até meados novembro, quando vai finalizar a participação no projeto. A capacitação também irá oferecer um segundo módulo do curso e que deverá aprofundar as orientações no setor de beleza.
As participantes também terão acesso a informações sobre enfrentamento da violência contra a mulher, informações financeiras, promoção de saúde da mulher e direitos trabalhistas.

VENEZUELANOS

Nos últimos três anos, o governo federal já interiorizou aproximadamente 53 mil venezuelanos no País, entre migrantes e foragidos, por meio da Operação Acolhida. As mulheres migrantes em situação de vulnerabilidade estão entre as prioridades da OIM para participarem de projetos como o Beleza Além das Fronteiras. 

Estrangeiras destacam acolhimento no Brasil

Ao menos cinco venezuelanas que participam do projeto Beleza Além das Fronteiras vivem no Grande ABC. Uma delas, Runnyth Bravo, 38 anos, mora no Condomínio Maracanã, em Santo André. Saindo da Venezuela com intenção de fugir da fome, a mulher se apegou tanto à oportunidade dada pela iniciativa que já foi até contratada para atuar no Pelle&Capelli, rede de salões de beleza de Santo André. 

“Sou muito grata pelo projeto e pela oportunidade. Todas estas venezuelanas superaram muitas coisas para estar aqui”, comentou. Aguardando o primeiro salário, Runnyth revelou que irá comprar comida e enviar dinheiro aos familiares que ainda vivem em sua terra natal. “Quero juntar dinheiro para tentar trazer meu filho que ainda continua lá (na Venezuela)”. A migrante vive com o marido e com uma filha em Santo André. 

Mariela Coromoto, 41, também saiu da Venezuela após perceber que a situação estava ficando cada vez mais difícil. A mulher, que mora na comunidade do Heliópolis, em São Paulo, vive no Brasil há um ano e oito meses. “Sinto como se estivesse recomeçando minha vida”, declarou a venezuelana. 

As duas mulheres também relatam que a união entre as venezuelanas ficou ainda mais forte durante a participação no projeto. Apesar de não terem se conhecido na Venezuela, as mulheres dizem que o grupo acaba se ajudando muito. “Me sinto muito acolhida. Sempre que podemos, nós nos ajudamos de alguma forma. É um grupo de pessoas muito boas. Acabamos nos tornando amigas”, afirmou Mariela.




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