Economia Titulo Raio X
Região deve investir em tecnologia da informação para elevar exportação

Estudo aponta que essa necessidade é vital, além de haver maior integração com universidades

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
02/01/2021 | 00:18
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Pixabay



A pandemia de Covid-19, que afetou economicamente grande parte dos setores em todo o mundo, fez com que a indústria do Grande ABC recorresse às exportações como maneira de manter a produção. Os principais produtos enviados a outros países envolvem média tecnologia e estão em maioria no setor automotivo, predominante na região há décadas. Porém, as recentes e constantes transformações mostram a necessidade de diversificação e modernização das unidades fabris das sete cidades para que a indústria local não fique para trás em tecnologia e continue gerando receita.

É o que aponta estudo publicado na 15ª edição da carta de conjuntura do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), que mapeou os principais produtos exportados pelas sete cidades de janeiro a outubro de 2020. O levantamento foi feito com base nos dados do Ministério da Economia. No período, o saldo (diferença entre importações e exportações) da região ficou positivo em US$ 385,3 milhões.

Cada uma das sete cidades possui maior especialização na fabricação de itens específicos, conforme a instalação de grandes empresas. Como exemplo, São Bernardo e Mauá possuem maior demanda por produtos automotivos, por concentrarem a fabricação de veículos, peças e componentes. Já Santo André se destaca na fabricação de pneumáticos (com Prometeon e Bridgestone) e, Ribeirão Pires, em munição para armas (CBC).

Considerando todo o montante exportado, São Bernardo (com Volkswagen, Mercedes-Benz, Scania e Toyota) responde por 56% dos produtos enviados para outros países, a maioria ligada à indústria de transportes. Em seguida, vêm Santo André, com a participação de 20%, e São Caetano (GM), com 12%.

O estudo conclui que a pauta de exportação da região é composta majoritariamente pela indústria automobilística e o setor de autopeças. Esses produtos são na sua maioria de média complexidade tecnológica, ou seja, que demandam nível de pesquisa e desenvolvimento moderados e produção em massa.

É PRECISO MUDAR

De acordo com a economista e pesquisadora do Conjuscs Gisele Yamauchi, que é uma das responsáveis pelo estudo, o raio X da região mostra a necessidade de investimentos na alta tecnologia. “Para o mundo inteiro, a pandemia foi sinal de alerta de termos de independência da indústria. E ela é um teste para isso, porque há mudanças climáticas acontecendo e ninguém está falando sobre a produção de produtos com baixa emissão de CO2 (dióxido de carbono). A gente pode e deve querer produzir média tecnologia, mas, nos próximos anos, essa inovação precisa acontecer principalmente nas áreas de saúde e meio ambiente”, analisou ela.

O pesquisador e economista Gustavo Kaique de Araújo Monea, também responsável pelo estudo, afirmou que a manufatura da região foi por muitos anos o “ápice de engenharia e produtividade na América Latina levada pelo setor automotivo, principalmente aquilo que representa a produção de veículos domésticos e para passeio, que está aos poucos transcendendo para a produção aeroespacial e de veículos comerciais pesados”, afirmou. “A eficiência produtiva e de geração de novos produtos é amplamente ligada à criação e desenvolvimento de software. Em suma, para alcançarmos novos mercados, precisamos de produtividade alinhada à tecnologia de informação de ponta, problema que não afeta apenas o Grande ABC, mas o Estado como um todo”, complementou Monea.

“A região precisa enxergar seus potenciais e amarrar o que está em desenvolvimento em redes. Isso vai ser mais fundamental para que a gente continue crescendo. Fica bem claro que temos uma vocação industrial e precisamos olhar melhor para isso”, assinalou a pesquisadora, chamando a atenção para a necessidade de haver maior integração entre universidades, poder público e empresas.




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