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Camelôs de Mauá vão pagar aluguel
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
25/08/2005 | 08:06
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A Prefeitura de Mauá decidiu que a área do Shopping Popular, no Centro da cidade, destruída por um incêndio em janeiro deste ano, será administrada pela iniciativa privada. Os 223 camelôs, que não pagavam nada à Prefeitura para ocupar o espaço, terão de pagar aluguel para o empresário que assumir o negócio. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico está elaborando edital de licitação, que deverá ficar pronto até o final de setembro.

O prefeito interino Diniz Lopes (PL) informou que não vai mais administrar o espaço para não incentivar a venda de produtos piratas. A presidente da Associação dos Microempresários Permissionários do Shopping Popular, Luciene Ferreira da Silva, confirmou à reportagem que esse era o principal motivo para a administração municipal não tomar conta do empreendimento.

Os ambulantes, que desde o incêndio ocupam um trecho da rua do Comércio entre as avenidas Barão de Mauá e Governador Mário Covas, estão divididos quanto à decisão da Prefeitura. Uns acreditam que essa é a única alternativa viável, outros dizem que a Prefeitura deveria controlar o shopping ou fornecer condições para que a própria associação administrasse o local.

Antes do incêndio, cada camelô desembolsava R$ 83 para a associação, a título de manutenção do shopping, abrangendo despesas com limpeza e outros serviços. Nenhum centavo ia para os cofres municipais. De acordo com pesquisas feitas pela associação dos ambulantes, o preço do aluguel de cada boxe para a iniciativa privada vai girar em torno de R$ 300.

"Diante do que foi proposto em reuniões realizadas com o secretário Marcos Soares (de Desenvolvimento Econômico e Social) e outros representantes da Prefeitura, não nos resta outra alternativa para continuarmos trabalhando. A Prefeitura não quer mais controlar o shopping. Por isso, vamos ter de nos sujeitar a algum empresário", afirmou a presidente da associação.

José Pereira Pacheco, 54 anos, não gostou da idéia. Ele tem uma barraca especializada em serviços de chaveiro. "Acho que nem todos terão condições de pagar o novo aluguel. Muitos vão desistir do negócio ou procurar trabalhar em alguma rua da cidade. No meu caso, vou ter de pensar ainda muito no assunto e pesar os prós e os contras da nova proposta", expôs Pacheco.

"Considero essa determinação absurda. Antes, a Prefeitura estava comprometida com a gente e cedia o espaço para o nosso trabalho. Agora, depois do incêndio, lava as mãos e diz que não terá mais nada a ver com o negócio. O mínimo que a Prefeitura deveria fazer é ajudar nossa associação a arrecadar recursos para tomarmos conta da área, sem precisar de qualquer empresário", afirmou Luis Carlos dos Santos, 33 anos, mais conhecido como Lula, que tem uma banca que vende CDs.

A ambulante Roseli Rodrigues, dona de um boxe que comercializa roupas de moda surf, acha que é uma boa idéia o que a Prefeitura deseja. "Já se passaram sete meses do incêndio e a Prefeitura não fez nada. É melhor deixar o comando do shopping para algum empresário", diz Roseli.

Parque – Desde quinta-feira passada, um parque de diversões foi instalado na área do shopping, o que causou indignação a alguns camelôs. "É brincadeira. A Prefeitura não resolve nosso problema e coloca um parque no local", disse o camelô Pacheco.

A Prefeitura informou que o parque de diversões está provisoriamente instalado no local enquanto o novo shopping não é reconstruído. Como contrapartida, o dono do parque irá doar cestas básicas para o Fundo Social de Solidariedade.




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