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Jovens vietnamitas admiram EUA
Do Diário do Grande ABC
25/04/2000 | 10:39
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Os menores de 25 anos no Vietna, a primeira geraçao que nao conheceu a guerra, sao hoje admiradores do gigante norte-americano e compartilham as paixoes (Internet entre elas) e medos (desemprego) de qualquer sociedade de consumo.

A juventude vietnamita parece muito indiferente à ideologia comunista e ao ideal de independência nacional que fez as geraçoes anteriores darem seu sangue, ao longo de um sangrento conflito que cumpre agora 25 anos.

``A política nao me interessa, meu sonho é conseguir uma bolsa de estudos para viajar e continuar meus estudos nos Estados Unidos', afirma Lan Pham Huong, 23 anos, que trabalha numa loja de lembranças na capital vietnamita.

Huong ficou dois anos desempregada, ao final de seus estudos. Esta jovem formada considera que seu diploma universitário de inglês foi um esforço inútil para o trabalho que desempenha.

Depois de uma média de cinco anos na universidade, centenas de milhares de jovens vietnamitas nao têm, na maioria das vezes, um emprego ao se formar. Os mais afortunados que conseguem um emprego, graças às suas relaçoes familiares, exibem por sua vez um autêntico frenesi consumista.

Usando roupas da última moda, inspirada nas fitas de vídeos piratas das produçoes norte-americanas, com um telefone celular na cintura e montados em motos japonesas, os jovens com emprego se reúnem nos bares da moda para beber Coca-Cola e ouvir música pop.

Em Hanói, assim como em Ho Chi Minh, a antiga Saigon, os menores de 25 anos (quase a metade dos 77 milhoes de vietnamitas) consideram que a guerra contra os Estados Unidos nao é seu problema, falando dela raramente.

``Sei que alguns membros de minha família combateram durante a guerra e os jornais falam sempre desse período, mas para nós tudo isso é História antiga', afirma Bui Van Biet, garçom de um ``café Internet' de Hanói.

``Gostaria que o governo pensasse agora mais na juventude, principalmente no lazer', diz ele, enquanto assiste os consumidores teclando em seus computadores para se conectar a sites estrangeiros.

A falta de entretenimento, num país em que praticamente nao se vêem discotecas ou ginásios esportivos, é um dos assuntos mais freqüentes entre os jovens, que ocupam suas noites com os pegas entre motos, nas ruas do centro da capital, durante a madrugada.

A imprensa oficial vietnamita fala regularmente desses ``desvios ideológicos' da juventude, enquanto os dirigentes do país insistem em seu discurso pelo ``dever sagrado' do patriotismo.

As autoridades se inquietam também com a alta nos índices de criminalidade juvenil, que cresceu em quase 200% desde o início da abertura econômica do país, em 1987.

``Nossos dirigentes nos falam sem parar da guerra e acusam o passado por nossas dificuldades econômicas atuais, mas nosso país continua a ser um dos mais pobres do mundo e estamos fartos de seus discursos moralizantes e idealistas', afirma um estudante de uma escola de comércio privada.

``O que queremos agora é ter sucesso nos negócios e ganhar dinheiro para alcançar um nível de vida igual ao dos países asiáticos vizinhos', afirma.

No dia do aniversário da guerra, no próximo 30 de abril, ``talvez olhe as cerimônias na televisao, se nao houver um bom filme norte-americano numa tevê via satélite', conclui.




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