Trata-se de uma acomodaçao, de fato, tendo em vista que o crescimento do setor vem se dando sobre bases altas. Desde junho de 1999 a indústria alimentícia vem numa curva ascendente superando a expectativa mês a mês. Para se ter uma idéia, janeiro abriu com acréscimo nunca antes visto: 8,1%. Pela primeira vez na história o segmento bateu recorde em fevereiro com taxa de 32% e encerrou março mantendo a casa dos dois dígitos: subiu mais 11,3%.
No mês seguinte, embora com resultados mais tímidos, manteve alta de 2% sobre abril de 1999 e caiu 12,5% sobre março, o que já era esperado diante de números tao exuberantes. "A tendência de alta persiste", afirma Ribeiro.
O bom andamento dos negócios, muito mais cedo que no ano passado, obrigou a Abia a refazer para cima os cálculos previstos para 2000. A princípio, a projeçao era crescer entre 3, 5% e 4,5% e o faturamento de US$ 74,6 bilhoes seguiria o mesmo patamar.
Favoráveis - Fatores favoráveis como estimativa de crescimento do PIB de 4%, explica Ribeiro, permitiu à entidade quase dobrar o índice estimado em janeiro. "O semestre deverá acumular aumento de até 10% e o ano tende encerrar na casa dos 7%", aposta.
Este é um ano atípico e os números têm comprovado. A produçao física, que em janeiro é historicamente baixa, contabilizou aumento sustentado de 8,1%. A indústria normalmente registra resultados negativos em fevereiro ou ligeiras altas que nao ultrapassam 1%. Neste ano, ao contrário, todas expectativas de mercado caíram por terra e o volume físico, bateu nos 32% sobre idêntico período de 1999. Desde a implantaçao do Plano Real, há seis anos, o setor desconhecia taxas desta grandeza.
Os bons frutos colhidos pela indústria nao pararam aí. O volume dos últimos doze meses deu mais um salto quando relacionado ao contabilizado no período imediatamente anterior: acréscimo de 5,7%.
Juros baixos e inflaçao sob controle, associados ao maior volume de crédito injetado na economia, na opiniao de Ribeiro, sao fatores preponderantes nos resultados da indústria.
A tendência de alta na produçao teve início em meados de junho de 1999, quando o setor registrou os primeiros sinais de reaçao. No começo do mês de janeiro do ano passado, a Abia trabalhava com a estimativa de crescer 0,1% ou cair 0,5% e acabou fechando o ano com alta de 4,5%.
Setores - A entidade ainda nao compilou os dados que apontam quais setores da indústria alimentícia que mais se destacaram no período. O último resultado - acumulado do quadrimestre - mostra que o segmento de proteína animal foi campeao, com incremento de 15,9%.
A Perdigao, 2ª no ranking de carnes, vê os negócios deslancharem. "A produçao do semestre deverá fechar com acréscimo de 10% sobre os primeiros seis meses do ano passado", afirma Antonio Zambelli, diretor de marketing.
A vice-liderança foi conquistada pela área de chocolates, cacau e balas: 14,4%. Laticínios vêm em terceiro lugar: cresceu 9,5%.
A Laticom com 10 unidades fabris nos Estados do Mato Grosso, Sao Paulo e Minas Gerais, dona das marcas Skandia, Polenghi, Quatá, é a 2ª no ranking nacional. De acordo com Sidney Zanasi, gerente de vendas, os negócios vêm crescendo a cada ano. "A produçao deverá ficar 48% acima do ano passado e o faturamento terá créscimo de 42%", estima.
Fábio Scarcelli, presidente da Associaçao Brasileira da Indústria de Queijos (Abiq), afirma que o setor produziu no ano passado 455 mil toneladas de queijo e gerou uma receita da ordem de R$ 2,1 bilhoes. "Para 2000 a projeçao é manter o crescimento de 3% na produçao e faturamento", prevê.
Desidratados e congelados cresceram 3,5% enquanto óleos e gorduras subiram 2,8% e massas 0,7%. Conservas e vegetais, ao contrário, tiveram a produçao encolhida registrando queda acentuada de 13%. A produçao de biscoitos, mostra a pesquisa da Abia, ficou negativa 1,6%.
Empregos - Nos primeiros cinco meses, ressalta Ribeiro, a indústria alimentícia gerou 2.250 novos postos de trabalho fechando a folha de pagamentos com 763.500 empregados, ante 750 mil em dezembro de 1999. A Abia congrega 250 indústrias.
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