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Famílias com maior renda são mais felizes

Pesquisa da USCS também aponta que São Caetano é a cidade com maior índice de felicidade

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
30/09/2018 | 07:07
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Na região, as famílias que ganham mais de cinco salários mínimos (a partir de R$ 4.770) são as consideradas mais felizes. É o que aponta levantamento feito pelo Inpes/USCS (Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano), que mede a felicidade da população mediante a renda mensal.

A pergunta feita pelo pesquisador responsável e diretor do Inpes, Leandro Prearo, aos participantes do estudo, é: afinal de contas, dinheiro traz felicidade? A resposta varia de zero a 10, que é a maior nota, a mais próxima do conceito de felicidade. O grupo com rendimento mais alto teve média da nota de 8,2, sendo que a média da região foi 7,7. Para se chegar ao resultado, foi utilizado recorte da Pesquisa Socioeconômica da USCS, que no total entrevistou 1.150 famílias das sete cidades entre abril e maio deste ano.“Como se mede a felicidade? Neste caso, foi a partir de uma escala internacional chamada Escala da Felicidade Subjetiva, composta por quatro perguntas. A primeira é: em geral eu me considero não muito feliz ou muito feliz? A segunda: comparando com a maioria dos meus pares, como eu me considero? Elas respondem com notas, sendo que quanto maior significa mais feliz”, disse Prearo.

No restante das perguntas, é utilizada a mesma metodologia, sendo que após as respostas é feita uma média de zero a 10 para se chegar ao índice final. “Algumas pessoas são muito felizes e aproveitam a vida, independentemente do que está acontecendo, tirando o máximo proveito de tudo. Até que ponto isso descreve você? Algumas pessoas nunca parecem tão felizes quanto poderiam ser. Em que medida essa caracterização descreve você? Quanto maior o número que as pessoas respondem, significa o quão próximo se identificam com a pergunta”, explicou o professor.

Considerando os dados por cidade, São Caetano é a mais feliz da região, com nota 8. Já Rio Grande da Serra tem o menor índice, com 7,4. Em 2013, São Bernardo era o município com a maior pontuação, 8,2, e Rio Grande da Serra continuava no último lugar, com 7,7 (mais informações acima). O resultado da tese de doutorado do docente mostrou que, neste ano, a média geral da região também diminuiu de 7,9 em 2013, para 7,7 (leia mais abaixo).

“Comparando as cidades, a diferença de felicidade medida é pequena. Mas, por outro lado, percebemos que ela está ligada a uma renda mais alta. Por exemplo, São Caetano tem a maior nota, o que acompanha diretamente a renda per capita do município”, disse o pesquisador.

Em relação à renda, a camada menos feliz da população é a que recebe entre três e cinco salários mínimos (R$ 2.862 a R$ 4.770), que pontuaram a felicidade em 6,5. Já quem recebe até três salários mínimos (R$ 2.862) tem média de 7,7.

De acordo com o pesquisador, o rendimento familiar próximo a R$ 3.950 é o menor ponto de alegria. Ou seja, tanto as pessoas com renda menor ou maior que esta são mais felizes. “No Grande ABC, os mais pobres têm um nível de felicidade relativamente alto. Porque vivem sem precisar se comparar e buscar novas coisas, ou seja têm menor expectativa. Conforme melhora a renda, as expectativas aumentam, com sonho de ter um carro melhor, por exemplo. Quando eu não consigo atender a isso, causa uma sensação de infelicidade. E no nível maior de renda as pessoas já conquistaram essas expectativas que estão ligadas ao consumo”, afirmou.

Crise pode ser motivo para queda

A média de felicidade do Grande ABC diminuiu de 7,9 para 7,7 em cinco anos. De acordo com o pesquisador e professor do Inpes/USCS responsável pela tese, Leandro Prearo, entre as causas listadas podem estar os efeitos da crise econômica, que produziu efeitos como o desemprego.

“A diminuição do número em geral é pequena, mas precisa continuar a ser acompanhada no próximo semestre. Hoje estamos medindo novamente, e o resultado será divulgado em novembro para saber a queda será mantida. Entre as hipóteses estão a questão da crise e do desemprego neste período. Mas, como não caiu tanto, então quer dizer que o impacto foi pequeno para esta população (em relação ao sentimento)”, afirmou.

Segundo o professor, os parâmetros utilizados são que se a nota é acima de 5, como aconteceu na região, significa que a pessoa é mais feliz do que infeliz. Porém, a felicidade plena é classificada com notas entre 9 e 10. “Nas médias das cidades do Grande ABC, que vão de 7 a 8, significa que há uma sensação mediana de felicidade. Então a pergunta é: o dinheiro traz felicidade? Eu diria que sim, mas, a partir de um certo nível. Porque no inicial traz infelicidade, uma vez que aumenta as expectativas, muitas vezes sem possibilidade de realização dos sonhos”, disse Prearo.  




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