Política Titulo Eleição termina dia 4
Região tem 8.592 eleitores no pleito italiano

São 24 candidatos ítalo-brasileiros em busca de duas vagas ao Senado e quatro à Câmara na Itália

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
24/02/2018 | 07:00
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A Itália realiza no começo de março suas eleições e italianos residentes o Brasil ou brasileiros com dupla cidadania podem votar em candidatos no pleito. No Grande ABC são 8.592 pessoas aptas a participar do processo eleitoral, marcado para o dia 4 – no total, são 400 mil residentes no Brasil que podem participar do processo.

Cédulas eleitorais já foram enviadas às residências desses eleitores, que devem devolvê-las – pelos Correios ou pessoalmente, no Consulado da Itália. O órgão vai receber as cédulas somente até quinta-feira. O voto é facultativo.

O Parlamento italiano abre duas vagas para senadores e quatro para deputados na América do Sul. São 89 candidatos, sendo 24 postulantes brasileiros (veja lista ao lado). Desses, três tentam a reeleição ao cargo ou continuar no Parlamento – casos da deputada Renata Bueno (do partido Cívica Popular), do deputado Fabio Porta (Partido Democrático, que vem ao Senado) e do senador Fausto Longo (Partido Democrático, que vem à Câmara).

Após forte fluxo imigratório nos anos 1900 por conta das duas guerras mundiais, as relações comerciais e políticas da Itália e Brasil mostram sinais de estremecimento. Na parte política, há crise diplomática por causa de Cesare Battisti, guerrilheiro já condenado à prisão na Itália, mas exilado no Brasil desde 2007. O governo italiano já pediu a extradição de Battisti, porém, o presidente Michel Temer (MDB) aguarda posição do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre apelo feito pela defesa do italiano para seguir no Brasil.

Atual senador, Longo mostra preocupação com a Lava Jato

Atual senador e candidato à Câmara na Itália, Fausto Longo manifestou preocupação com a Operação Lava Jato, principalmente sobre possível vaidade de seus protagonistas e dificuldade de desfecho da apuração.

Em comparação com a Operação Mãos Limpas, que atacou todas as ramificações da máfia italiana na década de 1990, Longo lembrou que, na Itália, juízes que não foram presos decidiram migrar para a política, causando uma “interferência” nos poderes.

“O que me preocupa é esse caminhar para não conclusão. Não precisa fazer esse estardalhaço, essa novela, parece carnaval de vaidades, desfile que coloca o STF (Supremo Tribunal Federal), a Câmara dos Deputados, o Poder Executivo numa situação de exposição indevida. Perde a seriedade das instituições”, declarou. “Mas ressalto. Não sou contra a Lava Jato ou a Mãos Limpas.”

Vicenzi pede que haja debate no Brasil sobre o pós-Mãos Limpas

Advogado e empresário, Fábio Vicenzi, candidato a deputado no Parlamento italiano, sugeriu debate sobre o pós-Operação Mãos Limpas para poder entender o que será do Brasil com o término da Operação Lava Jato.

“Há esta relação porque os juízes que iniciaram a Lava Jato se inspiraram na Operação Mãos Limpas. A Lava Jato ainda está em andamento. Na Itália, a Mãos Limpas durou mais que uma década e os seus efeitos permanecem até hoje. Por isso seria útil um maior e mais amplo debate no Brasil sobre o que aconteceu na Itália depois da Mãos Limpas para prever o que poderá acontecer também no Brasil”, disse.

Sobre o fluxo imigratório de refugiados da Síria, Vicenzi sugere que o tema seja tratado em toda a União Europeia, mas que negar asilo em território italiano “seria absurdo”. 




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