Política Titulo Ocupação do MTST
Políticos que apoiaram invasão veem ato como melhor caminho

Deputados e vereadores do PT estiveram na ocupação em terreno no bairro Assunção, em S.Bernardo; para eles, atitude força debate sobre Habitação

Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
19/09/2017 | 07:00
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Montagem/DGABC


A movimentação na invasão do bairro Assunção e nos protestos realizados no Paço de São Bernardo contou com a presença de políticos como os deputados federais Carlos Zarattini, Paulo Teixeira, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, o deputado estadual Luiz Turco e os vereadores Eduardo Suplicy, da Capital, e Ana Nice, de São Bernardo, todos petistas. E, para eles, a ocupação se tornou melhor caminho para trazer o debate sobre a política habitacional.

Ao contrário do que ocorreu no governo do ex-prefeito Luiz Marinho (PT), poucas ocupações de terrenos tiveram presença de figuras políticas. Durante os oito anos da gestão petista foram registradas ações no bairro Cooperativa, em 2014, que chegou a ter 300 famílias, e na Vila São Pedro, que agrupou 1.200 pessoas em 2016.

Para Zarattini, a ação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) deve multiplicar-se nos próximos meses. “Essas pessoas têm longo caminho para percorrer. O governo federal reduziu os investimentos do Minha Casa, Minha Vida, que foi um programa que conseguiu entregar mais de 4 milhões de moradias recentemente”, afirmou. O petista, por sua vez, não enxerga razões políticas na invasão. “O MTST já tinha se movimentado na Capital, com duas ocupações grandes na Zona Sul e na Zona Leste, durante a gestão do Fernando Haddad (ex-prefeito, PT) e por isso não acredito em caráter partidário”, comentou.

Na opinião de Vicentinho, o movimento é autônomo e não foi coordenado por nenhum partido. “Tive todo o cuidado ao ir lá para respeitar o movimento e os moradores do entorno. As ações foram decididas por conta deles e não teve partidarização”, descreveu ao comentar a visita realizada no domingo. Vicentinho acredita ainda que o melhor caminho será uma negociação entre as partes, antes da reintegração de posse do terreno. “Acredito que a liderança do movimento é responsável e tentará evitar atitudes irracionais. Mesmo porque já tivemos um exemplo de desocupação, no Jardim Falcão (em 1998) que terminou em confusão. Pretendo falar com mais deputados para ajudar nisso”, completou o parlamentar.

Já para a vereadora de São Bernardo Ana Nice (PT), apesar de ser um problema que não se resolveria a curto prazo, a mobilização acabou sendo uma demanda necessária. “No governo passado (do ex-prefeito Luiz Marinho) foram entregues 5.400 moradias e retiradas centenas de pessoas de áreas de risco. Precisamos retomar esse debate. Com a crise econômica, isso se agravou ainda mais. Hoje temos um deficit de 30 mil moradias e o problema não será resolvido em apenas uma gestão”, ponderou.

A definição do impasse aguarda julgamento de liminar do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que suspendeu reintegração de posse autorizada pela Justiça de São Bernardo. Ainda não há perspectiva de acordo entre as partes a respeito do terreno – ocupado por cerca de 7.000 pessoas. Por outro lado, os moradores do bairro Assunção realizaram manifestação no sábado, que contou com 2.000 pessoas, de acordo com o MCI (Movimento Contra Invasão em São Bernardo) e com 1.200 pessoas, na contabilização da PM (Polícia Militar).

O Diário procurou as lideranças do MTST, que não quiseram se pronunciar. Os deputados Paulo Teixeira, Carlos Neder e Luiz Turco, bem como o vereador Eduardo Suplicy não retornaram os contatos da equipe de reportagem. 




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