Empresário do setor de transportes do Rio de Janeiro, Jacob Barata Filho foi informado ilegalmente pela Caruana S/A, financiadora de ônibus pelo País, de que a PF (Polícia Federal) havia pedido quebra de seu sigilo bancário no âmbito da Operação Ponto Final. Com documento em mãos, Barata Filho tentou fugir do País, mas foi preso quando embarcava para Portugal no começo de julho, no aeroporto do Galeão.

Segundo a TV Globo, documento sigiloso do Banco Central estava com o empresário durante sua prisão. A quebra de sigilo bancário, após autorização judicial, é destinada a funcionários de alto escalão de bancos, que são obrigados a informar à Justiça a movimentação dos investigados. Dentro do conglomerado da Caruana S/A há uma instituição bancária.

Barata Filho foi detido suspeito de pagamento de propina a diversos políticos do Rio de Janeiro. Ele é herdeiro do grupo Guanabara, que detém a concessão de transportes de passageiros no Rio de Janeiro. O empresário foi solto no sábado depois que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes concedeu habeas corpus. Gilmar foi padrinho de casamento da filha de Barata Filho, Beatriz, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já solicitou suspeição do ministro nos casos envolvendo o empresário.

Ainda conforme a TV Globo, Barata Filho, com documento ilegal em mãos, comprou passagem só de ida para Portugal e sequer avisou seus advogados. Ele iria embarcar juntamente com a filha Beatriz antes de ser detido por policiais federais.

À TV Globo, a defesa de Barata Filho disse que “o encadeamento de fatos trazidos na denúncia está incorreto e não autoriza a história fantasiosa sobre uma tentativa de fuga que nunca existiu”.

GRANDE ABC
A Caruana tem forte ligação com políticos do Grande ABC. Um exemplo é a relação com Mauá, onde a operadora exclusiva do transporte público é a Suzantur. A empresa já pertenceu a Ângelo Roque Garcia, irmão de José Garcia Netto, o Netinho, que por sua vez é diretor-presidente da Caruana S/A. A Suzantur passou a gerenciar o transporte de passageiros na cidade em 2013, quando o município era administrado por Donisete Braga (PT).

A Suzantur opera hoje de forma precária as 15 linhas da Vila Luzita, em Santo André. Seu contrato data de 2016, quando a Prefeitura andreense era gerida por Carlos Grana (PT).

O Diário não conseguiu localizar os responsáveis pela Caruana para comentar o episódio no Rio de Janeiro.