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Começa julgamento das execuções no Montanhão
Por Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
28/06/2001 | 00:55
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Os quatro policiais militares acusados de executar dois rapazes e ferir um terceiro no Montanhão, em São Bernardo, negaram qualquer envolvimento nos crimes, quarto, no primeiro dia de julgamento, no Fórum da cidade. Eles alegam que são vítimas de uma vingança de criminosos. O julgamento começou às 9h, com o interrogatório dos réus, e se estendeu até o início da madrugada nesta quinta, quando houve a leitura de relatórios e depoimentos. O veredito só deve ser conhecido ainda nesta quinta-feira.

O tenente Emerson Roberto de Cisto, o cabo Wagner Augusto Pinheiro e os soldados Ivair Roberto de Souza Júnior e Isaías Mendonça Silva, da 5ªCompanhia do 6º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de São Bernardo, são acusados de matar Vando Almeida Araújo, 20 anos, e Daniel Silva Catarino, 15, e de ferir A.S., então com 16 anos, na estrada do Montanhão, em São Bernardo, na madrugada de 27 de agosto de 1999.

No interrogatório feito pelo juiz, os quatro policiais negaram qualquer contato com os jovens na noite da execução. Segundo os acusados, às 23h de 26 de agosto de 1999 eles saíram de uma ocorrência no Parque Espacial, em São Bernardo, e partiram para outro atendimento na rua José Copini, local onde permaneceram por apenas 10 minutos. Em seguida eles teriam ido à lanchonete Mr. Einstein, na avenida Kennedy, onde ficaram das 23h30 à 0h30. Depois, foram para uma travessa da avenida Maria Servidei Demarchi, onde participaram do batismo de um soldado. De lá, os policiais teriam voltado para o batalhão e encerrado o expediente.

O advogado de defesa Marcos Ribeiro Freitas usou o laudo do exame residuográfico das mãos dos policiais, que apontou negativo para a existência de cobre e chumbo, como principal argumento para inocentar os réus. O promotor Nélson Pereira Júnior afirmou que o laudo não deve definir o julgamento: “O material das mãos dos policiais foi colhido no próprio batalhão, e a conclusão do laudo aponta que não se pode afirmar 100% que os policiais não atiraram.”

Familiares dos dois jovens mortos e o pai de A..S. acompanharam o julgamento. Antonia Silva de Freitas, mãe de Araújo, e Flordelice Elias da Silva, mãe de Catarino, esperam pela condenação dos policiais. “Sinto muita revolta”, afirmou Flordelice. “Meu filho era uma ótima pessoa e não acredito que tenha feito nada a esses policiais. Espero que paguem pelo que fizeram”, disse Antonia.




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