Economia Titulo Mercado de trabalho
Prática de home office é tendência no País

Autonomia, qualidade de vida e produtividade
estão entre as vantagens do trabalho a distância

Marina Teodoro
Especial para o Diário
16/08/2015 | 07:07
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC:


Acordar cedo, sair de casa às pressas, e perder uns bons minutos enfrentando o trânsito. Parece familiar? Essa é a rotina de muita gente para chegar até o trabalho. E era também a da vendedora de Diadema Janaína Vargas Arrais, de 22 anos. Mas hoje o cotidiano dela é bem mais simplificado, desde que deixou de ir até a empresa de autopeças em que realizava suas atividades e aderiu ao home office, que hoje é uma tendência no mercado de trabalho.

“Como faço faculdade pela manhã, aproveito a tarde para descansar ou fazer alguma coisa pessoal. À noite, sento em frente ao meu computador e começo a trabalhar. É muito mais cômodo”, afirma a vendedora. As funções são facilmente desempenhadas virtualmente, e o contato com os funcionários é mantido por telefone e e-mail.

Essa prática não é exclusividade de Janaína. De acordo com a pesquisa realizada pela Robert Half, 44% dos diretores de recursos humanos do Brasil ampliaram o uso do home office, ou teletrabalho – como também é conhecido – em 2014. “Comparado a países europeus, por exemplo, ainda estamos atrasados. Lá essa prática já está bastante consolidada”, afirma a gerente de negócios da Robert Half, Ana Carolina Rezende. Para a gerente, os problemas de infraestrutura móvel comprometiam o desempenho do trabalho remoto nos anos anteriores.

Segundo o estudo realizado pela SAP Consultores Associados, das empresas entrevistadas em todo Brasil, 36% fazem uso do home office. Desse percentual, a maioria está concentrada em São Paulo: 73,08%.

De acordo com o presidente da Sobratt (Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades), Álvaro Melo, há uma estimativa de que 12 milhões de brasileiros estejam atuando em home office. “Certamente, esse número se deve à evolução da tecnologia brasileira em relação aos dispositivos móveis e internet”, diz ele.

Quem acompanhou essa evolução e comemora os avanços é o ilustrador Leonardo Asprino, 34, de Santo André. Ele trabalha de casa desde 2004, e não pensa em voltar para o escritório. “Dessa maneira eu posso prestar serviço para várias empresas, além de não precisar seguir uma rotina, posso trabalhar com a roupa que eu quiser e fazer meu horário”, comenta ele, que agora é pai e preza pelos momentos com o filho.

QUALIDADE DE VIDA - Para Ana Carolina, os resultados dos profissionais que não frequentam os escritórios têm sido cada vez mais positivos. “Os gestores só elogiam. Há relatos de que, com a qualidade de vida ampliada, o funcionário fica mais criativo, concentrado, além de aumentar a produtividade e dar autonomia.”

A editora audiovisual Mayara Campana, 21, de São Caetano, também percebeu uma melhora no cotidiano depois que largou o emprego que tinha, no bairro da República em São Paulo, onde gastava mais de uma hora para chegar – fora o estresse que passava dentro do transporte público –, para fazer um trabalho remoto. “No começo fiquei um pouco preocupada em não conseguir adaptar minha rotina, então acabava trabalhando mais do que devia, mas hoje eu consigo separar as coisas. Tenho meu local de trabalho na minha casa, e faço oito horas por dia, com uma hora de almoço”, conta ela. A mobilidade de poder viajar ou estar em locais diversos sem deixar o compromisso com o trabalho também é um ponto importante. “Posso viajar ou ir a algum parque e fazer minhas tarefas de lá.”

Quem também ficou receoso, no início, com a adaptação foi o analista de sistemas andreense Wesley Santos, 24 anos. “Fiquei com medo de não conseguir me focar. Mas adaptei meu quarto como meu próprio escritório. Hoje não abro mão da comodidade que tenho.”

Para ele, a única desvantagem é que as vezes sente falta do clima da empresa. “Conversar com as pessoas, tirar algumas dúvidas é melhor pessoalmente, mas me viro bem pelo Skype”, comenta.


USO MISTO - Algumas empresas investem hoje em empregos que são totalmente remotos, enquanto outras fazem um misto, alguns dias da semana em casa, e outros no escritório. Nathany Ferreira, 21, de Santo André, é estagiária de monitoramento de mídias sociais em uma empresa que faz com que os funcionários se encontrem apenas duas vezes por semana.

"No início eu achei meio diferente. Hoje eu prefiro. Meus pais entendem, até porque tenho horários para cumprir, faço o login on-line, como se fosse bater ponto, junto com todos da empresa, que além disso, fazem reuniões diárias pelo Skype”, afirma.

Apesar de muitas áreas estarem cada vez mais utilizando o home office, como a comercial, tecnologia da informação e projetos, algumas empresas ainda estão resistentes para aderir ao modelo. “Além da redução de custos com infraestrutura, que é um dos fatores mais atraentes deste tipo de atividade, ainda mais em tempos de crise, quem ainda não permite essa prática está indo na contramão do mercado”, declara a gerente da Robert Half. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;