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Forças dos tribunais islâmicos recuam após violentos ataques na Somália
Da AFP
26/12/2006 | 10:53
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As forças dos tribunais islâmicos da Somália se retiraram nesta terça-feira de várias posições no sul e centro da Etiópia que foram alvos de violentos ataques das tropas oficiais nos últimos dias, o que representa uma vitória para o governo de Mogadíscio.

Ao mesmo tempo, as Forças Armadas etíopes e as tropas do governo da Somália estavam a 100 km da capital Mogadíscio, para onde se dirigiam, informou o embaixador somali em Addis Abeba, Abdelkarin Farah.

No entanto, não está claro quando o governo pretende atacar a 'fortaleza' de Mogadíscio, quartel-general do movimento islamita.

A informação de Farah contradiz o discurso do porta-voz do governo da Somália, Abdirahman Dinari, que mais cedo disse à AFP: "Nós ainda não estamos planejando seguir para Mogadíscio".

Após seis dias de violentos combates contra as forças governamentais e o Exército etíope, os islamitas abandonaram as cidades de Dinsoor (120 km ao sudoeste de Baidoa, cidade sede do governo de transição) e de Burhakaba (60 km ao sudeste de Baidoa).

"Existe muita pressão em todas as linhas de frente e com o objetivo de ganhar esta guerra, os combatentes islâmicos evacuaram várias posições, entre elas Dinsoor e Burhakaba", declarou à AFP um comandante das forças dos tribunais islâmicos que pediu anonimato.

O comandante se negou a falar de derrota e explicou que a ação "é uma tática militar, uma espécie de retirada militar".

O conflito na Somállia causou mais de 800 feridos e milhares de civis deslocados, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

A cifra de feridos foi estabelecida a partir dos dados de vários hospitais somalis que estão em contato com o CICV, afirmou a porta-voz da instituição em Genebra, Antonella Notari.

"O número de feridos nos dá uma idéia da violência dos combates. É a face visível do conflito", disse, antes de explicar que se trata de um balanço parcial com base nos feridos que foram levados para centros médicos.

A retirada aconteceu um dia depois de aviões de guerra etíopes terem bombardeado dois aeroportos na Somália, entre eles o de Mogadíscio, tomado pelas milícias islamitas desde junho como parte de sua luta contra o governo de transição, em uma nova escalada de um conflito que corre o risco de propagar-se a todo o Chifre da África.

Em Burhakaba, os islamitas abandonaram a cidade, deixando para trás equipamentos e material de combate, segundo os moradores.

"Esta terça-feira não vemos nenhum combatente islâmico, todos partiram durante a noite. Deixaram equipamento nas posições onde estavam instalados", contou Osman Adan Rafiyo, habitante da cidade e dirigente de uma associação local.

"Não dormimos por causa dos violentos combates que duraram até a meia-noite", disse o morador de Dinsoor Mahdi Abdirasak.

"Porém, finalmente os combatentes dos tribunais abandonaram a cidade e retiraram todos os seus homens. As forças do governo ainda estão fora da cidade e todos estão nervosos", acrescentou.

"Vi vários veículos blindados dos islamitas atravessando a cidade a toda velocidade. Penso que foram vencidos", prosseguiu.

Na segunda frente de combate, no centro do país, os habitantes destacaram o avanço das forças oficiais e do Exército etíope.

"De Bandiradley (630 km ao norte de Mogadíscio) a Adado (40 km ao sul da capital), toda a zona foi tomada pelas forças governamentais apoiadas pelos etíopes. É muito triste para os islâmicos que não tenham vencido", disse Gaarane Ali Jumale, morador de Adado, entrevistado por telefone pela AFP.

As forças do governo de transição somali e o Exército etíope enfrentam desde 20 de dezembro os combatentes dos tribunais islâmicos - que controlam a maior parte do centro e sul da Somália -, principalmente perto de Baidoa e no centro do país.

A Somália está em guerra civil desde 1991.

As instituições de transição somalis, instaladas em 2004, se confessam incapazes de restabelecer a ordem no país diante do aumento da influência dos islamitas.

Washington acusa os islamitas de ligações com a organização terrorista Al-Qaeda, mas os rebeldes negam.




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