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'Skaf está no partido errado'
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
19/09/2010 | 07:10
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Em busca do quarto mandato consecutivo em Brasília, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) não teme em dizer que não faz o menor esforço em ver o candidato de seu partido ao governo do Estado, Paulo Skaf, brigar pelo comando do Palácio dos Bandeirantes. "Quem vai me dizer, nesta altura da minha vida, que tenho de aceitar tudo goela abaixo?", indaga, com firmeza, a primeira prefeita eleita na Capital, em 1989, ainda pelo PT, que ajudou a fundar.

O recado tem como foco a direção estadual do PSB que, segundo ela, sequer consultou demais lideranças do partido sobre o caminho que deveria ser adotado na eleição deste ano. "Não posso entender que um partido que se diz socialista tenha na cabeça de chapa em São Paulo a expressão máxima do capitalismo, que é o presidente da Fiesp."

As críticas, segundo ela, já foram ditas pessoalmente para o líder do empresariado paulista. "Disse para ele que está no partido errado. E o comando do PSB errou. A democracia tem de começar dentro de casa. Se não houve discussão em todas as instâncias do partido, o discurso torna-se falso."

A paraibana de Uiraúna ainda diz, sem a menor preocupação, que sequer apertará o número 40 - do PSB - na urna eletrônica na opção governador. Para ela, a legenda deveria ter se coligado com os petistas. "O Aloizio Mercadante (PT) é o melhor nome para São Paulo. Não só voto como estou fazendo campanha para ele."

Ela não teme, com a decisão de caminho contrário ao partido, enfrentar o mesmo problema sofrido quando ainda estava nas fileiras do PT e foi punida com suspensão por ter aceitado convite do então presidente Itamar Franco, em 1993, para comandar o Ministério da Administração Federal. A punição foi o embrião de sua saída, em 1996, dos quadros petistas. Situação da qual ela diz não carregar nenhuma mágoa. Mas uma frase deixa escapar parte desse sentimento: "Eu não saí do PT, o PT é que saiu de mim." Ainda assim, afirma que o "campo de esquerda", termo que usa muitas vezes na entrevista, começa a não fazer mais sentido. "Nosso campo tem grandes equívocos. Os Ss de socialismo de muitas legendas já não dizem mais nada. Essa é a verdade e a gente tem de assumí-la."

MALUF NA DISPUTA - A ex-prefeita de São Paulo prefere não acreditar na eficácia da Lei da Ficha Limpa na eleição deste ano. "Ou alguém duvida que o Paulo Maluf (PP) será candidato? E ninguém tem dúvida da ficha suja dele. A lei é uma conquista, mas insuficiente. Ela não garante a limpeza necessária, porque a interpretação é controvertida. O que precisa é reforma política."

PRECONCEITO - Mesmo após 14 anos de sua saída dos quadros petistas, ela faz questão de defender e festejar a possibilidade real de uma mulher no comando do Palácio do Planalto. Ela aposta na vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno. "Vai ser um marco na história política do Brasil. Será tão simbólico quanto a vitória de Lula." Ela faz um paralelo com sua apertada vitória na Capital, em 1989, ao derrotar Paulo Maluf, e fala em preconceito. "Ela está enfrentando isso. O que não pode é haver retrocesso na política que está dando certo." Mas deixa claro que não isenta nenhum petista de envolvimento nos escândalos da violação dos sigilos fiscais e do lobby na Casa Civil. "O que não dá para aceitar é a exploração política desses fatos."

 




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