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A violência não conhece trégua no Iraque com cem mortos e quase 200 feridos
Da AFP
22/01/2007 | 19:01
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Cerca de cem pessoas morreram nesta segunda-feira no Iraque vítimas das explosões de várias bombas e em outros ataques que causaram quase 200 feridos, informaram os serviços de segurança.

Pelo menos 88 pessoas morreram e 160 ficaram feridas num duplo atentado com carros-bomba no bairro de Bab Sharki, em pleno centro de Bagdá.

As explosões aconteceram com alguns segundos de intervalo perto do mercado Haraj, no bairro de Bab Sharki, às margens do rio Tigre, centro de Bagdá, às 12h15 locais (7h15 de Brasília) e provocaram espessas colunas de fumaça na região. Este é o ataque com o maior número de vítimas na capital do Iraque em 2007, menos de uma semana depois do atentado contra a universidade de Mustansiriya que deixou 70 mortos, a maioria estudantes.

As explosões praticamente simultâneas foram seguidas de trocas de tiros no distrito que tem população etnicamente mista.

O mercado de Haraj vive repleto de vendedores que negociam produtos eletrônicos, roupas e medicamentos.

Horas depois, outras 12 pessoas vieram a falecer e 29 ficaram feridas na explosão de bomba e na queda de um morteiro na cidade de Khales, a 80 km ao norte de Bagpá, na província de Diyala que está no centro de episódios recorrentes de violência religiosa que causaram milhares de mortos em 2006.

Sessenta e nove corpos de pessoas mortas e 84 de feridos foram levados para o hospital Al-Kindi, e cinco mortos e 25 heridos à clínica Ibn Al Nafiss, informaram as duas instituições.

Um fotógrafo da AFP que seguiu para o local do ataque afirmou que eram tantas vítimas que muitos corpos tiveram que ser colocados em carrinhos de madeira do mercado.

Pelo menos 12 veículos ficaram incendiados.

As explosões aconteceram no momento em que os Estados Unidos enviam reforços ao Iraque com o objetivo de enfentar a violência que afeta o país, principalmente a religiosa, e que provocou milhares de mortes em 2006.

Na terça-feira passada, mais de 100 pessoas morreram em vários ataques em Bagdá, 70 delas no atentado contra a universidade de Mustansiriya.

No domingo, quase 3.200 militares americanos chegaram à cidade para apoiar o novo plano de segurança da capital.

Esta é a primeira das cinco brigadas - com um total de 17.500 soldados - que serão enviadas ao país como parte da nova estratégia anunciada em 11 de janeiro pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para combater a violência religiosa em Bagdá.

Os insurgentes concentram os ataques atualmente na capital iraquiana, onde as tropas americanas e iraquianas tentam aplicar um novo plano do primeiro-ministro Nuri al-Maliki para estabilizar a cidade.

Desde o início do ano, 46 militares americanos morreram no país, 25 deles somente no sábado passado, incluindo 12 na queda de um helicóptero, em um dos piores dias para os Estados Unidos desde o início da guerra, em março de 2003.

O plano de segurança tem, sobretudo, como alvo o Exército de Mahdi, a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr.

No domingo, o movimento de al-Sadr anunciou o fim do boicote ao governo iraquiano depois de receber garantias sobre o cumprimento de suas demandas.

O retorno do grupo do clérigo xiita melhorou a posição de Maliki, já que seis ministros voltaram ao gabinete e 32 deputados ao Parlamento.

O grupo de al-Sadr, conhecido pela agressiva posição antiamericana, afirmou que não utilizará a violência, apesar de um porta-voz do movimento ter sido detido por militares iraquianos e americanos na quinta-feira passada.

O Exército dos Estados Unidos alegou, sem anunciar o nome, que o detido comandava um grupo ilegal armado que seqüestrava e torturava civis.

Ao mesmo tempo, Bush se negou a fixar uma data para a retirada dos soldados americanos do Iraque, onde 3.052 militares do país morreram desde março de 2003.

"Nós não fixamos datas neste governo, já que o inimigo poderia ajustar suas táticas de acordo com as ações dos Estados Unidos", disse Bush em entrevista ao jornal USA Today.

O comentário é uma tentativa de reforçar sua posição, em um momento no qual o Partido Democrata insiste em aprovar uma resolução no Congresso contra a decisão do envio de mais tropas.

De acordo com uma pesquisa do Instituto de Princeton para a revista Newsweek, 68% dos americanos são contrários ao envio dos soldados adicionais ao Iraque.

Apenas 26% dos entrevistados aprovam a nova estratégia de Bush para a guerra do Iraque.




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