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Adolescentes voltam a se prostituir no Ferrazópolis
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
20/05/2007 | 07:04
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A prostituição de menores voltou às ruas próximas ao Terminal Ferrazópolis, em São Bernardo. Meninas entre 15 e 17 anos fazem programas livremente ao lado de travestis no quadrilátero formado pelas ruas Marechal Deodoro, Caetano Zanella, Zelinda Zanella e João Basso. Na semana passada, eram pelo menos seis garotas à espera de programa.

O problema é semelhante ao de 2005. Na época, o Diário denunciou a situação. Ministério Público, polícias e Prefeitura se uniram e montaram uma força-tarefa para coibir a prostituição das meninas. Durante um ano, período em que houve fiscalização, a prostituição de menores se dissipou. Quando a força-tarefa deixou as ruas, as adolescentes voltaram.

A repressão alterou a rotina no quadrilatero. Temendo novas represálias, as garotas ficaram mais cautelosas. Apesar das roupas minúsculas, que deixam à mostra a silhueta infantil, elas disfarçam. Estão sempre em grupos, conversando. A abordagem parte do cliente, homens de classe média, na casa dos 40 anos.

Elas trabalham sempre em alerta para fugir da fiscalização do Conselho Tutelar e da polícia. Ao lado de orelhões, fingem telefonar, mas basta um gracejo do cliente para que negociem o programa. Questionadas sobre a idade que têm, desconversam. Algumas, apesar dos rostos de meninas, respondem ser maiores.

As autoridades assumem ter conhecimento da presença delas nas ruas do Ferrazópolis. Mas esperaram o Diário denunciar novamente o crime para se mobilizar, como há dois anos. Na sexta-feira à noite, a Guarda Municipal fez uma blitz no local.

O esquema de prostituição de menores no Ferrazópolis surgiu em 2002, quando os primeiros travestis deixaram a Avenida Lucas Nogueira Garcez, na região central da cidade, e se mudaram para as proximidades do terminal rodoviário. “O número de pessoas se prostituindo passou a ser cada vez maior até se transformar no que é hoje”, afirma uma mulher que mora há 40 anos no local. Ela diz que as jovens fazem programa na rua, em frente de sua casa.

É comum ver pessoas consumindo drogas nas ruas e a polícia admite que há venda indiscriminada de bebida alcoólica a menores. Quando os primeiros adolescentes começaram a se prostituir no local, as autoridades resolveram agir. O Ministério Público elaborou uma ação civil pública para acabar com a prostituição. O processo deu origem à força-tarefa, que deixou de existir.



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