Vídeos publicados nas redes sociais mostram seguranças e policiais ferroviários agredindo grupo de passageiros no interior de uma composição estacionada na Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André, da Linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que liga Rio Grande da Serra à região central da Capital. A confusão ocorreu no fim da tarde de domingo. Um dos jovens teria pulado a catraca para não pagar a tarifa, de R$ 3.

As imagens mostram que os agentes desferiram golpes de cassetetes contra os suspeitos e, em seguida, um jovem foi violentamente jogado para fora do trem. Ensanguentado, o rapaz ficou deitado na plataforma até ser atendido por outros funcionários da companhia. A CPTM afirma que um dos rapazes feridos foi levado a um pronto-socorro na cidade e liberado após ser medicado. A Prefeitura de Santo André, entretanto, não confirma a informação.

Alguns minutos depois de o rapaz ser retirado do trem, mais uma confusão foi iniciada quando outros usuários começaram a se manifestar contra o uso excessivo da força. Policiais militares, que foram chamados para dar reforço, também tiveram atuação polêmica. Outro homem foi imobilizado e chamado de “ladrão” antes mesmo de ter o histórico criminal checado pelos agentes do Estado.

Em seguida, os policiais tentaram coagir os passageiros que registravam as imagens por meio de celulares. Após apontar o cassetete para um cinegrafista amador, o militar ameaçou: “Quer perder essa p...?”.

Porta-voz da Polícia Militar, o capitão Emerson Massera diz não ver irregularidades na atuação dos homens que participaram da ocorrência. “Os policiais chegaram depois da confusão e tiveram conduta correta para acabar com o tumulto.” Sobre a tentativa de impedir o registro de imagens, Massera afirma que os policiais tiveram o objetivo de interromper a aproximação de outras pessoas e evitar mais agressões. Na opinião dele, não houve erro operacional

Já a respeito do homem chamado de ladrão, o porta-voz admite “conduta indesejada, provavelmente tomada pelo calor da ocorrência”. O capitão afirma que a situação será apurada internamente, mas que a corporação entende que o procedimento adotado não representa “transgressão grave”.

DELEGACIA

Segundo a CPTM, cinco pessoas foram levadas ao 1º DP (Centro). O Diário teve acesso ao termo circunstanciado por lesão corporal registrado na delegacia. Ao contrário do que diz a companhia, seis pessoas foram citadas no documento, sendo dois vigilantes e quatro passageiros. Todos foram ouvidos pelas equipes de plantão e liberados na sequência.

Empresa promete colaborar com investigações e ouvir agentes

A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) garante que está colaborando com as investigações sobre o tumulto ocorrido na Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André no domingo. A empresa afirma que “imagens gravadas pelo sistema de monitoramento serão encaminhadas às autoridades competentes para auxiliar na elucidação dos fatos” e que todos os agentes envolvidos serão ouvidos. Se for constatado descumprimento dos procedimentos internos, serão tomadas “medidas administrativas cabíveis”.

A versão da companhia é que a confusão teve início às 18h25, depois que um usuário que “integrava grupo de cerca de dez pessoas entrou na área paga da estação sem efetuar o devido pagamento da tarifa”. A empresa diz que, depois que o passageiro foi orientado por seguranças, “teve início um conflito com agressão física entre o grupo e os vigilantes”. A equipe do Diário solicitou entrevista com responsáveis pela operação na Linha 10-Turquesa, mas não obteve retorno.