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Rotativos rendem mais de R$ 8,5 milhões
Por Camila Brunelli
20/02/2011 | 07:34
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No ano passado, o Grande ABC arrecadou cerca de R$ 8,5 milhões com as vagas de estacionamento rotativos - excetuando Rio Grande da Serra, onde não há essas vagas, e Mauá e Santo André, que não informaram números oficiais.

A campeã de arrecadação é São Bernardo, que conseguiu R$ 6,1 milhões em 2010. Segundo a administração, "o recurso é utilizado para custeio operacional do sistema e parte é transferida para os programas sociais da Fundação Criança."

São Caetano arrecadou R$ 2,2 milhões com suas 2.800 vagas. A administração informou que 19% do valor das multas ficam para os cofres públicos (cerca de R$ 35 mil por mês), enquanto 81% vão para a concessionária que opera o sistema, e que também é responsável por toda sinalização das vias e placas informativas do sistema.

Santo André, embora não soubesse o montante arrecadado, informou que, desse valor, 52% são destinados ao FMCA (Fundo Municipal da Criança e Adolescente), 7% ao Fundo de Reserva de Sinalização de Trânsito e 7% ao Fundo de Reserva de Educação de Trânsito.

As cerca de 500 vagas de estacionamento rotativo de Ribeirão Pires são administradas pela Aciarp (Associação Comercial, Agrícola e Industrial de Ribeirão Pires). "O preço que nós cobramos está obsoleto (R$ 1 a hora) e os custos só aumentam", disse o presidente da entidade, Gerardo Pedro Sauter. A cidade arrecadou R$ 210 mil no ano passado.

"O rotativo está sendo desrespeitado. O motorista estaciona o carro na rua, deixa o dia inteiro e não é multado porque não tem gente para isso. Enquanto não houver fiscalização, não tem como o rotativo ir para a frente."

Sauter informou que os cerca de R$ 50 mil que sobram ao longo do ano são investidos na decoração de Natal de Ribeirão Pires.

 

FLANELINHAS

Onde não tem estacionamento rotativo e tem movimento, lá estão os flanelinhas. Em menor quantidade do que há um ano, por conta do crescente número de áreas tomadas pelos estacionamentos rotativos, os guardadores de carros são encontrados em lugares específicos da região. Mesmo assim, áreas que costumavam ser conhecidos ponto de atuação, agora estão tomados pelas placas de proibição dos Departamentos de Trânsito.

Da região do cemitério da Vila Euclides, os flanelinhas foram expulsos pelo rotativo. Nem sinal deles na Avenida Índico, Atlântica ou na Rua Banda. Mesmo cenário em áreas sob viadutos, como em frente à Etec (Escola Técnica Estadual) Júlio de Mesquita, em Santo André.

Na Vila Assunção, em Santo André, perto de uma faculdade, também reinavam as placas. Perto dali, um único flanelinha tomava conta das redondezas do Colégio Adventista. Já nas vias em volta do Hospital Brasil, como Ramiz Galvão e Natalino Garife, um guardador em cada via sinalizava para os motoristas.

Durante o dia, não foram localizados flanelinhas em São Caetano, situação que mudou depois das 18h, quando deixou de valer o rotativo. Situação que também ocorre em áreas de outras cidades do Grande ABC.

As prefeituras informaram que a atividade não é ilícita, mas que pode sofrer repreensão da polícia no caso de o motorista se sentir constrangido ou achacado.

 

Flanelinhas conhecidos são preferidos por motoristas

 

"Eu pago porque tem que pagar, mas o estacionamento rotativo não dá garantia de nada. Além disso, dificilmente a gente acha alguém vendendo os cartõezinhos", disse a professora Mirian Coradin, 52, que precisou de um dos serviços do Poupatempo, em São Bernardo, e estacionou na Rua Nicolau Filizola, a mais próxima da entrada principal, tomada pelas placas de rotativo."Quando o flanelinha fica conhecido no pedaço, acho que pode nos dar mais segurança", diz ela.

Quem vai à procura dos serviços do órgão estadual tem outras opções: estacionamentos particulares - que cobram de R$ 3 a R$ 6 a primeira hora - ou outras ruas da redondeza, onde os flanelinhas atuam.

O aposentado José Batista, 63 anos, sempre opta pela rua dos guardadores. "Faço tratamento no CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) há um ano e sempre paro meu carro aqui. Nunca tive problema, os meninos me conhecem, sabem até qual é o meu carro", disse, referindo-se ao posto do CAPs da área central.

"O rotativo é muito caro e não dá garantia. Se alguém mexer no meu carro, nunca vou saber quem foi. O certo seria um cartão de rotativo com duas vias, para comprovar que parei o carro ali."

Em Diadema, a diarista Antonia Moreira, 36, foi à Unimed do Centro e não achou estacionamento particular para deixar o carro. Acabou encostando em uma área do Quarteirão da Saúde, na qual Evaldo Oliveira Moreno, o Dinho, manda há cerca de um ano e meio. Ao local, ele vai dia sim, dia não, porque divide o ponto com um sócio. Por mês, ele consegue tirar cerca de R$ 1.500 - o suficiente para cuidar da mulher e dos dois filhos. Ele mora de aluguel no Bairro Serraria, e paga R$ 250 mensais.




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