Política Titulo Crise à vista
Na Câmara, base ameaça rebelião contra Morando

Demissão de indicados de vereadores faz explodir crise entre prefeito e aliados em S.Bernardo

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
09/06/2021 | 00:32
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Denis Maciel/ DGABC


Parte da base de sustentação do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), promete se rebelar contra o chefe do Executivo na sessão de hoje, depois que o tucano promoveu exoneração de indicações de alguns parlamentares situacionistas.

O Diário apurou que foram demitidos comissionados indicados pelos vereadores Afonsinho (PSDB), Roberto Palhinha (Avante) e Almir do Gás (PSDB). E interlocutores de Morando teriam avisado outros políticos que mais cortes seriam feitos até o fim da semana, envolvendo vereadores governistas.

O movimento fez eclodir crise que teve início no mês passado, quando o secretário de Cultura, Adalberto Guazzelli (PSDB), em áudio que vazou para a classe política local, destratou o vereador Eduardo Tudo Azul (PSDB) e disse que a cidade estava repleta de vereadores “vagabundos”. À ocasião, Morando agiu para conter a insatisfação da base, mas evitou exonerar o auxiliar.

O episódio deixou o clima estranho entre as partes. A Câmara, porém, evitou jogar lenha na fogueira acolhendo pedidos de desculpas de Guazzelli. Entretanto, pediu que Morando cumprisse a promessa de indicar aliados da casa em postos estratégicos do governo. O secretário de Coordenação Governamental, Humberto Rodrigues, foi o interlocutor da conversa e solicitou duas semanas para que esse impasse fosse resolvido. O prazo expira hoje.

Figuras próximas de Morando relataram ao Diário que o prefeito não gostou do comportamento de parte dos vereadores e considerou afronta ao seu trabalho. Ele identificou a existência de um G-10, grupo de parlamentares governistas, mas que têm comportamento considerado independente, sem subordinação completa ao Executivo.

Para a cúpula do Paço, o G-10 é formado por Gordo da Adega (Republicanos), Eliezer Mendes (Podemos), Fran Silva (PSD), Netinho Rodrigues (PP), Glauco Braido (PSD), Paulo Chuchu (PRTB), Aurélio Bacelar de Paula (PSDB), Almir, Palhinha e Afonsinho. Esse número mais os quatro vereadores de oposição têm condições de travar o andamento dos trabalhos legislativos.

O primeiro sinal de insatisfação de parte da base de sustentação com as exonerações foi visto ontem à tarde. Estava marcada sessão da CPI da OAS, que investiga as relações da empreiteira com o governo de Luiz Marinho (PT) e tem recebido críticas por comportamento brando na apuração sobre as doações que a construtora fez para as campanhas a deputado estadual de Morando no passado.

Não houve quórum para realização do trabalho. Estiveram presentes somente Mauricio Cardozo (PSDB, presidente do bloco), Julinho Fuzari (DEM, relator), Danilo Lima (PSDB) e doutor Manuel Martins (Cidadania). Não apareceram Gordo, Eliezer, Palhinha, Fran, Chuchu, Netinho e Ana Nice (PT).

Para a sessão de hoje, a promessa de parte da base de sustentação é apresentar um requerimento cobrando informações da BR7, empresa que explora o transporte coletivo da cidade. Segundo os parlamentares, haverá perguntas aprofundadas sobre a atuação da companhia.

Outra medida estudada é a apresentação de moção de repúdio ao governador João Doria (PSDB), que neste fim de semana foi flagrado aproveitando o fim de semana em um hotel no Rio de Janeiro, à beira da piscina e sem máscara. Se aprovado, o documento será endereçado ao gabinete do governador – assim, o tucano saberia da rebelião em curso no governo de um de seus aliados mais fiéis.

O Diário apurou que na noite de ontem Morando convocou série de reuniões com o objetivo de abafar a crise na sessão de hoje.




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