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Lançamentos de imóveis
crescem 80% na região
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
08/02/2011 | 07:14
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O ano de 2010 foi bastante expressivo para o mercado de imóveis no Grande ABC, que se tornou um verdadeiro canteiro de obras, com 8.728 empreendimentos em construção. Sendo que 4.368 devem ser entregues só em 2013.

Segundo balanço do mercado imobiliário realizado pela Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), 2010 terminou com 8.887 unidades lançadas; 80,67% a mais do que em 2009 e 2,5% a menos que em 2008, ano marcado pelo início da crise financeira.

Foram comercializadas 6.730 unidades, crescimento de 31,29% em relação a 2009. Na comparação com 2008, houve recuo de 3,1%.

Os crescimentos, no caso das vendas, decorrem da melhora no emprego, aumento da confiança na economia e aumento do poder de compra. No caso dos lançamentos, principalmente por conta do alto número de empreendimentos que estavam represados por conta da crise.

Para 2011, entretanto, a quantidade de vendas e a oferta de apartamentos - o estudo leva em conta apenas unidades verticais, já que, por conta da escassez de terrenos na região, a prioridade é dada aos edifícios, e não às casas ou conjuntos residenciais - devem seguir crescentes, segundo o presidente da Acigabc, Milton Bigucci, mas não como foi em 2010. "Como a nossa base do ano passado foi alta, o volume de lançamentos não ocorrerá na mesma proporção. Haverá crescimento em 2011, mas menor."

Dessa forma, o setor imobiliário acompanha os demais segmentos da economia, muitos dos quais bateram recorde em 2010 - caso do varejo -, que devem continuar se expandindo neste ano, mas não com tanta intensidade. A própria conjuntura econômica vai ajudar a frear tanto o consumo como a produção, elevando a taxa básica de juros, a Selic (hoje em 11,25%, mas com grandes chances de encerrar 2011 com 12,5%) para conter a inflação e restringindo o acesso ao crédito para conter o consumo desenfreado visto em 2010. A indústria nacional não possui capacidade produtiva para dar conta da demanda, se continuasse no ritmo em que estava.

Por esses motivos, o setor imobiliário não deve sofrer bolha, como ocorreu nos Estados Unidos e deu origem à crise internacional. Questionado sobre o assunto, Bigucci foi categórico: "O Brasil não tem chance de criar bolha porque a concessão de crédito passa por muitas análises antes de o empréstimo ser oferecido pelos agentes financeiros".

Em 2010, os imóveis de dois e três dormitórios foram os mais procurados, respondendo por 86% das vendas. Para este ano, Bigucci acredita que a tendência continue a mesma, já que os lançamentos do ano passado foram essencialmente deste tamanho. Das 8.887 unidades lançadas, que somaram R$ 2,6 bilhões, 7.600 eram desses tamanhos.

 

Oferta de unidades para o Minha Casa pode expandir até 20%

O programa habitacional do governo federal, Minha Casa, Minha Vida, começou 2011 com uma novidade. O teto para o financiamento de imóveis com juros subsidiados, que era de R$ 130 mil até o ano passado, chegou a R$ 170 mil.

A medida, que certamente deverá beneficiar mais pessoas em busca da casa própria, tem uma ressalva. Para o presidente da Acigabc, embora o aumento tenha sido expressivo, ainda falta mexer na renda máxima familiar que o solicitante ao programa precisa ter. Hoje, esse limite é de R$ 4.650 - dez salários-mínimos vigente em 2009, de R$ 465. "A renda familiar do trabalhador tinha de ser pelo menos uns R$ 7.000, para que o programa se torne mais acessível. Estamos pleiteando isso junto ao governo", conta.

Bigucci estima que se houvesse o aumento da renda neste ano a produção de imóveis cresceria mais 20%. "Se não houver alteração neste ano, não deve haver esse aumento."

Questionado sobre a existência de apartamentos de até R$ 170 mil no Grande ABC, ele diz que existem diversos de dois dormitórios. De acordo com o balanço, em São Bernardo e em Diadema o preço médio de uma unidade com dois quartos foi de R$ 144 mil e R$ 145 mil, respectivamente, no ano passado (veja arte ao lado).

Os valores, conforme disse Bigucci, não devem sofrer alteração neste ano, principalmente por conta da estabilidade do custo dos terrenos. Assim, o metro quadrado na região, hoje entre R$ 3.000 a R$ 5.000, deverá se manter.

 

Diadema e Mauá na mira das construtoras

O levantamento da Acigabc é tradicionalmente realizado em três cidades: Santo André, São Bernardo e São Caetano. A justificativa é a concentração do mercado imobiliário nessas cidades.

No ano passado, entretanto, Diadema passou a integrar a lista, respondendo por números expressivos.

Das 8.887 unidades lançadas em 2010, 1.823 foram em Diadema. Em outras palavras, 21% do total. Na comparação entre os 6.730 apartamentos vendidos, 1.837 foram na cidade, ou seja, 27,2%.

Segundo Bigucci, dentre os fatores atrativos para Diadema, está a proximidade com a Capital. "Além disso, o preço dos imóveis vendidos na cidade ainda não chegou aos praticados em Santo André, São Bernardo e São Caetano. E dificilmente chegarão."

Neste ano, Mauá será incluída no balanço. "Com a expansão do setor imobiliário nessas cidades, elas devem ser os focos dos próximos anos."




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