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Pelo menos 244 fiéis morrem pisoteados em Meca
Por Da AFP
01/02/2004 | 12:16
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Pelo menos 244 pessoas morreram pisoteadas, neste domingo, em uma avalanche humana na cidade de Mina (Arábia Saudita), perto de Meca, onde fiéis participavam de um dos rituais da peregrinação anual muçulmana. A informaçõa é do ministro saudita da Peregrinação, Iyad ben Amin Madani. As celebrações, que contam com a participação de milhares de pessoas, continuaram apesar da tragédia.

Um balanço anterior, fornecido por fontes médicas, registrava 120 mortes. A nacionalidade das vítimas ainda é desconhecida. De acordo com dados do ministério da Economia e Planejamento, o número de fiéis procedentes do exterior chega a 1.419.706, além de 473.004 sauditas ou moradores do reino, o que eleva o total de peregrinos a 1.892.710. Em 2003, 1,92 milhão de fiéis participaram da peregrinação.

A avalanche humana ocorreu durante o apedrejamento de uma das colunas que simbolizam o diabo, um ritual muito arriscado por causa do grande número de pessoas que participam do mesmo em movimento.

Em um primeiro momento, uma autoridade saudita chegou a afirmar que poucos fiéis haviam falecido.

As forças de segurança, mobilizadas em grande número, tentavam desde cedo impedir os tumultos e faziam advertências pelo sistema de alto-falantes. Um helicóptero sobrevoava a região para orientar os policiais e ajudá-los a organizar as multidões que se formavam nas estradas de Mina ou nas vias que unem Meca ao vale de Mina, que fica a poucos quilômetros da cidade santa.

Em 2003, 14 peregrinos, incluindo seis mulheres, morreram pisoteadas durante o apedrejamento das colunas que representam o diabo. Em 2001, 35 fiéis morreram, asfixiados ou pisoteados, em uma avalanche humana semelhante no vale de Mina.

Em 1998, pelo menos 118 peregrinos morreram e mais de 180 ficaram feridos em um incidente na mesma região, no terceiro dia do ritual.

O maior drama da peregrinação foi registrado em julho de 1990, quando 1.426 pessoas morreram asfixiadas no túnel de Mina.

Na manhã deste domingo, os quase dois milhões de fiéis iniciaram a cerimônia do apedrejamento, última etapa da peregrinação anual antes da festa de Al-Adha, ou do sacrifício.

Entre gritos de "Alá Akbar" (Deus é o Maior), a multidão, homens e mulheres vestidos de branco e armados com pequenas pedras, atacavam sem piedade seu alvo: uma coluna situada em meio a um espaço circular.

O ritual de lapidação de Satã, que marca o primeiro dia da festa de Aid Al Adha, dura três dias e consiste no lançamento diário de sete pedras contra cada uma das colunas, de 18 metros de altura, situadas em um percurso de 272 metros.

De acordo com a tradição, o diabo apareceu três vezes no local: primeiro a Abraão, depois a sua mulher, Hagar, e mais tarde a seu filho, Ismael.

Para mostrar seu desprezo, a família de Abraão atirou sete pedras no diabo em cada ocasião e o gesto se perpetuou até os dias atuais, quando milhares de muçulmanos completam sua peregrinação com o ritual. Para a festa de Al-Adha, cada peregrino deve sacrificar um animal, normalmente um cordeiro, em memória do sacrifício cometido por Abraão.

Quando o ritual de apedrejamento termina, os peregrinos seguem para a Grande Mesquita de Meca para visitar a Kaaba, o templo santo do Islã.

O 'hadj', ou peregrinação à Meca, é um dos cinco pilares do Islã e todos os muçulmanos são obrigados a realizá-lo pelo menos uma vez na vida se tiverem condições físicas e econômicas.




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