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Mister terceira idade estadual é morador do Nova Gerty

O aposentado Odilon Cândido da Silva pratica corrida e dança para manter saúde

Por Yago Delbuoni
especial para o Diário
31/10/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O Mister terceira idade do Estado é morador de São Caetano, mais precisamente do bairro Nova Gerty. Trata-se do funileiro aposentado Odilon Cândido da Silva, 67 anos, que foi eleito o idoso mais bonito de São Paulo no dia 20 de outubro, em evento realizado na Mooca, bairro da Capital.

Silva nasceu na cidade de Floresta, em Pernambuco, e vive em São Caetano há 55 anos. “Morei seis anos no Rio de Janeiro. Depois fiquei por aqui. Meus familiares saíram de Pernambuco e resolveram vir para a região Sudeste. Mas meu pai não se habituou ao clima do Rio e, assim, viemos para São Caetano.”

Questionado sobre a relação com o bairro, Silva foi só elogios: “É maravilhoso. Defeito todo bairro tem, mas por aqui é contornável. Viver no Nova Gerty é muito bom.”

Sobre a premiação, Silva disse que tudo começou com o diagnóstico de um problema no joelho. “Passei no médico, ele falou que não tinha jeito e recomendou que eu fizesse atividade física. Danço e corro desde então. No Cise (Centro Integrado de Saúde e Educação Francisco Coriolano de Souza, no próprio bairro) uma moça falou que eu seria o próximo mister da cidade. Pensei: ‘Por que não?’”

Silva foi indicado para concorrer e venceu o Mister Terceira Idade do município. Com isso, foi convidado para representar o município no concurso estadual. Ele contou que está preparado para possível premiação nacional. “Se me chamarem, estou pronto para participar. Só de concorrer é grande privilégio.”

Além da dança e da corrida, a preparação de Silva também envolve alongamento. “Todo dia vou ao Cise para me esticar. Faço parte de um grupo de treinamento para corrida. Além disso, faço dança de salão com a minha mulher. Às vezes, a gente se tromba, mas daqui a pouco fico um pé de valsa”, brincou.

Nas últimas corridas das quais participou, o aposentado percorreu dez quilômetros em 57 minutos. Para efeito de comparação, ele ficaria entre os 50 primeiros no último circuito de rua do Diário na faixa etária dele, acima dos 60 anos.

Depois de receber o prêmio, Silva garantiu que o assédio aumentou. “Os meus vizinhos já me cumprimentaram pelo prêmio. Alguns brincam, dizendo: ‘Você só ganhou porque estava sozinho, porque se eu estivesse disputando, você ficaria em segundo’. Dou risada e respondo: ‘Por que não disputou?’. Brincadeiras à parte, é muito gratificante. Só me dá vontade de acordar mais cedo para me preparar ainda mais.”

A premiação rendeu a ele o título de cidadão são-caetanense. “Recebi do presidente da Câmara Municipal. Paulo Bottura (PTB). Fui homenageado por representar o município no Estado”, afirmou, com orgulho.

 

Instituição cuida de idosos há 11 anos

 

O bairro Nova Gerty tem instituição de longa permanência para idosos que completou 11 anos nesta semana; a Abrilac (Abrigo para Idosos Lar do Amor Cristão). No local, que tem capacidade para 28 pessoas, são recebidos idosos com mais de 60 anos.

Um dos administradores é José Lazarino de Andrade, mais conhecido como Zezinho, 55. Ele contou que a instituição tem como foco a assistência social e a saúde dos moradores. Os motivos que levam os idosos a viverem ali são muitos. “Há casos em que os parentes não conseguem cuidar porque trabalham e a pessoa não pode ficar sozinha. Recebemos também idosos que, quando mais novos, ficaram longe da família e depois, quando voltaram, não havia tanta afinidade para mantê-los em casa. Há ainda um caso de um senhor que não tinha outro parente e veio para cá.”

Zezinho afirmou que a relação da instituição com o bairro é boa. “Como temos grades ao invés de muros, há integração da vizinhança com os moradores. Tanto que uma das vizinhas vinha para cá para aprender com uma idosa da instituição a fazer crochê. A intenção é que o ambiente seja leve.”

Andrade afirmou que a instituição já recebeu idosos com histórias marcantes. “Tinha um senhor que não tinha parentes no Brasil. Quando ficou conosco, contou que passou seis meses fugindo de Hitler na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Tinha outra moradora que saía conosco sempre na época em que vivia aqui, entre junho de 2004 e março de 2006. Ela tinha câncer, estava com a saúde debilitada e precisou ir ao hospital. Lá ela criou uma história em que a minha mulher era filha dela.”

Uma das que vivem na Abrilac é a Maria José Marques Luiz, conhecida como dona Marina, 102 anos e lúcida. Ela está na instituição há cinco anos. “Perdi o marido e os filhos. A minha neta queria que eu fosse morar com ela e até os meus parentes em Minas Gerais disseram para eu ir para lá, mas resolvi ficar na casa de repouso, assim não atrapalho a vida de ninguém”, disse.

Dona Marina contou que só tem pontos positivos. “Os amigos, a alimentação, a instalação. Não tenho do que me queixar.”

 

Comerciante está no bairro há 40 anos

 

Uma das comerciantes mais antigas do Nova Gerty é Vera Lúcia Belan Lopes, 55 anos, 40 deles no bairro. Atualmente é dona de um bar e lanchonete instalado há 17 anos na Rua Marlene.

Nascida em Dracena, no Interior, Vera veio para São Caetano com os pais e não pretende deixar a cidade. “A gente veio para cá porque a situação estava complicada, mas depois de viver aqui, não quero mais sair. Gosto muito, o bairro é bom para morar. Cresci no Nova Gerty, criei minha família. Sair por quê?”

Com tanto tempo no local, Vera contou que já precisou chamar a polícia para tirar um cliente que passou dos limites. “É necessário dar uma freada, porque, caso contrário, alguns exageram e querem brigar ou quebrar tudo. Às vezes um vizinho reclama do barulho, mas tudo dá para contornar com diálogo.”

A situação já chegou ao ponto de Vera precisar expulsar um cliente. “Certa vez, percebi que uma pessoa exagerou na dose, começou a xingar todo mundo e retruquei na hora. Ele ficou bravo, mas não teve jeito, mandei para fora”, falou. Apesar do episódio, Vera garante que tem boa relação com o bairro e com os frequentadores de seu comércio.

Questionada sobre o que precisa para manter essa boa relação, Vera destacou, de pronto: “Paciência. Aqui no bairro tem tudo perto, às vezes acontece um desentendimento, mas depois tudo volta ao normal. Não adianta brigar porque a gente depende dos vizinhos.”

 




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