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O filme antigo e sempre novo

Dirigido por D. W. Griffith, um dos primeiros cineastas reconhecidos internacionalmente, o clássico Intolerância

Carlos Brickmann
02/11/2011 | 00:00
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Dirigido por D. W. Griffith, um dos primeiros cineastas reconhecidos internacionalmente, o clássico Intolerância mostra, em quase três horas, histórias de intolerância na Babilônia, na Judéia, em Paris e nos Estados Unidos. O filme tem quase cem anos: foi lançado em 1916. E continua tragicamente atual.

1 - Quem não gosta de Lula o acusa de ir para um bom hospital para tratar-se de câncer. Deveria ir para o SUS - como se não fosse seu direito tratar-se no melhor lugar onde puder. Se tivesse ido para o SUS, o acusariam de escolher uma unidade bem situada, em vez de tratar-se em Quixeramopó do Leste. Se fosse para Quixeramopó do Leste, o acusariam de ter atendimento melhor que o dos outros pacientes, por ter sido presidente. Sempre iriam acusá-lo de querer sarar.

Aliás, quem paga o tratamento de Lula é seu plano de saúde, não o Tesouro. E certamente o plano de saúde o atende melhor do que aos demais associados.

2 - Um bando de covardes, alegando que não gosta da Rede Globo, agrediu a repórter Monalisa Perrone quando transmitia, ao vivo, da porta do hospital onde Lula foi internado. Quem não gosta da Globo tem à disposição outros canais, controle remoto, botão de desligar. Quem bate numa pessoa pelas costas é covarde. Homem que bate em mulher, e pelas costas, tem de ser preso. É perigoso.

3 - O delegado Nelson Silveira Guimarães, do DEIC paulista, proibiu seus homens de fazer o sinal da cruz. Diz que, para trabalhar com ele, os homens têm de ser destemidos. Insulta e discrimina os católicos. E está na cúpula da Polícia.

Questão de elenco

Intolerância, além de Griffith - que, a propósito, descobriu um vilarejo chamado Hollywood e foi o primeiro a filmar lá - tinha uma equipe que se consagraria no cinema e fora dele: nos intertítulos, Anita Loos (autora de Os Homens Preferem as Louras); nos poemas, Walt Whitman; Mary o'Connor. Tão bom que combateu a intolerância mesmo dirigido por Griffith, racista de carteirinha.

Já a intolerância daqui - que gente mais rastaquera!

Questão de geografia

Mas, infelizmente, essas coisas não acontecem num só lugar. As empresas alemãs Telefonica Germany e Alice cancelaram o contrato com a modelo Vanessa Hessler, por ter dito que namorou por quatro anos o filho de Kadafi, Muatassim, e que gostava da família. "Vanessa Hessler errou em relação a seus comentários sobre o conflito na Líbia", disse o porta-voz das empresas.

Em alemão puro, é "crime de opinião": a pessoa é punida não pelo que faz, mas pelo que pensa. A moça, agora, precisa saber se seus patrões aprovam ou não seus relacionamentos amorosos? Pedir autorização? Saber até onde a autorizam ir em matéria de sexo?

Questão de fé

Qual o oposto de intolerância? Normalmente, seria tolerância. Às vezes, manifestações excessivas contra a intolerância. A declaração da presidente Dilma Rousseff, de que Lula estará desfilando na Gaviões da Fiel no próximo Carnaval, é um exemplo deste exagero; lulismo demais, contrapondo-se ao antilulismo doentio do pessoal que torce pelo câncer.

O ex-presidente tem uma doença grave, embora tratável, e a Medicina atual tem colecionado mais vitórias do que derrotas. Mas não é justificável demonstrar toda essa euforia. Deve-se torcer pela recuperação de Lula - é a luta da vida contra a morte, da saúde contra a doença, do melhor contra o pior, dos cidadãos civilizados contra os bárbaros que querem matar adversários - mas a festa deve ocorrer no momento da vitória, e não antes.

Por que?

A presidente Dilma Rousseff deu posse a seu novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, com fartos elogios ao ministro que foi demitido, Orlando Silva. Se Orlando Silva era tão bom quanto Dilma disse, não deveria ter sido demitido. Se Orlando Silva não era tão bom quanto Dilma disse, ela não deveria tê-lo elogiado tanto. Se Orlando Silva era bom e Dilma o demitiu por pressão da imprensa, não tem firmeza suficiente para exercer o cargo, nem força para mobilizar sua tropa.

Ou então existe alguma coisa que eles sabem e não querem que a gente saiba.

Presentinhos

A General Motors acaba de entregar um Ômega blindado ao gabinete do vice-presidente Michel Temer, em Brasília. E entregará até o fim do ano outro Ômega blindado para que Temer o use em São Paulo. Ambos por empréstimo. A GM é boa no setor: há alguns anos, o beneficiado pelo empréstimo do Ômega blindado foi o então presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Eduardo Martins Cardozo.

Uma excelente aposta: hoje ele é ministro da Justiça.

Quer ser...

A principal discussão política do DEM nacional é o programa de TV que o partido deve levar ao ar dentro de um mês. O DEM, que sofreu perdas importantes para o PSD (e deve sofrer outra, do deputado ACM Neto, para o PMDB), quer mostrar na TV seu "fortalecimento institucional", seja lá isso o que for.

...sem ter sido

No programa, diz o presidente do partido, Agripino Maia, o DEM vai mostrar "o debate de idéias e a oxigenação do partido". Então, tá.




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