Setecidades Titulo Covid é responsável
Mortes por doenças cardíacas sobem 14,8%

Pandemia agravou quadro de quem já tinha enfermidade e evitou busca por novos diagnósticos

Por Flávia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
13/12/2020 | 00:17
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DGABC


Problemas cardiovasculares, como o AVC (Acidente Vascular Cerebral) e o infarto, mataram 14,8% mais no Grande ABC entre 15 de março, data que marca o início da pandemia, e 30 de novembro do que no mesmo período em 2019 – 3.230 falecimentos ante 2.813, conforme dados do Portal de Transparência do Registro Civil. O advento do novo coronavírus é o responsável pelo acréscimo, já que pacientes com doenças crônicas relaxaram no tratamento e outras pessoas, que tiveram algum sintoma, não procuraram atendimento médico por medo de contrair o vírus.

“Com o confinamento, os fatores de risco, como obesidade, crescem, além do aumento do estresse pelo isolamento físico, aumentando a manifestação de doenças cardiovasculares. As pessoas também se tornaram mais hipertensas, outro fator de risco tanto para infarto quanto para AVC”, explica Heron Rached, coordenador de cardiologia do Centro de Tratamento Pós-Covid do Grupo Leforte. Segundo ele, pacientes que estavam com o quadro controlado não compareceram às consultas de rotina, suspendendo a medicação, o que causou o agravamento do problema.

Na avaliação de Melissa Valentini, infectologista do Grupo Pardini, as consultas e os exames de rotina, como cardiológicos e ginecológicos, devem ser retomados com os devidos cuidados, a exemplo do distanciamento físico e o uso de máscara. “Não podemos deixar isso de lado. Tivemos muitas mortes dentro de casa porque as pessoas deixaram de ir ao hospital por medo da Covid. Temos que ter a consciência de que vamos viver neste novo normal por um longo período, mas temos que voltar com os atendimentos normais”, assinala.

Em sinergia, Rached lembra que quem pode, deve usar a telemedicina a fim de se prevenir contra o coronavírus. “Não deixe de ver seu clínico (geral), seu cardiologista. É muito importante obedecer às recomendações, manter o tratamento, continuar com as atividades físicas, com todos os cuidados, é claro, para evitar a obesidade e outros problemas. Ainda temos uma longa estrada pela frente, pois mesmo com a vacinação, não sabemos se haverá imunização efetiva contra o vírus”, detalha.

Vale lembrar que as cardiopatias são uma das principais comorbidades que levam à morte pelo coronavírus. Pelo menos 42,7% das vítimas do Grande ABC tinham alguma cardiopatia. Pesquisa de junho da APM (Associação Paulista de Medicina) indicou que 59% dos médicos entrevistados notaram agravo de problemas de saúde, por causas não relacionadas à pandemia, com ênfase em problemas cardiovasculares, em pacientes que deixaram de buscar atendimento médico.

Cidade com maior aumento percentual foi Rio Grande da Serra, onde o número de mortes por problemas cardiovasculares foi de 27 para 38 (40,74%), seguida por Mauá (26,26%), São Bernardo (22,26%), Diadema (17,89%), São Caetano (14,57%) e Santo André (4,63%). Único município com redução nos óbitos foi Ribeirão Pires (-5,45%) – leia mais na arte ao lado. No País, o aumento foi de 4,4%, de 197.151 para 205.826 vítimas, enquanto que no Estado de São Paulo o crescimento foi de 5,56%, saltando de 51.076 para 53.917 falecimentos. 




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