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Aposentadoria de Felipe Massa, hiato e ausência de títulos: qual o futuro do Brasil no automobilismo?

Cenário é nebuloso se forem consideradas falta de campeonatos base no País e ausência de títulos

Leo Alves
Do Garagem360
18/12/2017 | 09:48
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Após 15 temporadas correndo na principal categoria do automobilismo mundial, Felipe Massa anunciou sua aposentaria a partir de 2018. Isso faz com que, após 49 anos, não exista um piloto brasileiro na Fórmula 1. O cenário é mais nebuloso se for considerada a falta de campeonatos base no País, a ausência de títulos e até mesmo de vitórias na F1.

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A última vez que um piloto brasileiro disputou um título foi em 2009, quando Rubens Barrichello chegou a sonhar com a conquista. Foi nesse ano, inclusive, que veio a última vitória do Brasil na F1, no GP da Itália, justamente com Rubinho. Em 2008, Massa perdeu o título em Interlagos na última curva e por apenas um ponto.

 

Foto: Divulgação/José Mario Dias
Tendo participado de cinco temporadas na F1, Ricardo Zonta agora compete na Stock Car

 

Desde então o País só tem figurado na categoria, sem conseguir uma subida ao posto mais alto do pódio. “É uma situação muito difícil para o Brasil, principalmente para os pilotos e também para o público”, afirma Ricardo Zonda, que competiu na F1 na última década em equipes como Jordan e Toyota. “O automobilismo brasileiro está em uma hora difícil e isso reflete nas categorias de base, já que a Formula 3, uma das principais, tem sofrido com muitas dificuldades.”

Atualmente competindo na equipe Shell Racing na Stock Car, Zonta acredita que a falta de um competidor em destaque pode até desmotivar quem está começando sua carreira. “Na minha época, a gente se espelhava no Nelson Piquet, no Ayrton Senna. Sem essas figuras, fica mais difícil o jovem ter um modelo para se inspirar.”

Esperança

Embora não exista um substituto imediato a Felipe Massa na Formula 1, há alguns nomes se destacando em categorias de acesso no exterior. Aos 19 anos, Sérgio Sette Câmara disputou sua primeira temporada na F2 em 2017, garantindo uma vitória na segunda corrida da prova na Bélgica.

 

Foto: Divulgação
Brasileiro mais próximo da F1, Sérgio Sette Câmara vai para seu segundo ano na F2, último degrau abaixo da principal categoria

 

“Não contava com essa conquista e nem com os outros pódios que consegui. Foi uma temporada difícil, mas bastante positiva”, afirma o piloto de saída da MP Motorsport. Em 2018, ele vai para a Carlin, que conta com suporte da McLaren. “Eles vão vir fortes para o ano que vem. Tento não colocar expectativas, mas acho que vai ser melhor que nesse ano.”

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Mesmo estando a um degrau da principal categoria de monopostos, Sette Câmara diz estar focado em sua próxima temporada na F2. “Esse é meu objetivo agora, mas se pintar a oportunidade de guiar um F1 vou estar pronto para acelerar lá também”, explica o mineiro.

Um pouco mais velho, Pietro Fittipaldi acabou de ser campeão mundial em outra categoria de acesso, a World Series. Aos 21 anos, o neto de Emerson Fittipaldi está esperançoso após a conquista, embora tenha sido a última corrida da história da competição. “A F2 é uma possibilidade, sim. O plano era ir direto para a F1, mas há toda essa limitação das vagas e depende de coisas que estão fora de nosso alcance, mas estou pronto para fazer o melhor.”

 

Foto: Divulgação/Dutch Photo Agency
Pietro Fittipaldi guia seu carro durante prova na World Series

 

Sonhando um dia repetir o feito de seu avô, Pietro lamenta o momento atual do esporte a motor no País. “Automobilismo não é igual ao futebol, por exemplo. Tem o gasto de aluguel de pista, mecânicos, toda a equipe, não é barato. Fico triste pela situação, mas estamos na luta. Tem meu irmão mais novo também (Enzo Fittipaldi), que está no kart e tem buscado seu espaço.”

Outro piloto que tem começado a despontar no cenário mundial é Gianluca Petcoof. Aos 15 anos, o jovem tem conseguido bons resultados no kart e foi chamado para a academia de pilotos da Ferrari. “Depois de oito temporadas, um título brasileiro e o sexto lugar no mundial, decidi encerrar a carreira nessa categoria. Agora nosso objetivo é migrar para os carros. Uma competição muito forte na Europa é a Formula 4 e em breve vamos definir em qual país vou correr”, explica o brasileiro.

Outras categorias

Embora a Fórmula 1 seja o grande sonho da maioria dos pilotos, existe vida no automobilismo mundial em outros campeonatos. Em 2015, Nelsinho Piquet se sagrou o primeiro campeão mundial da Fórmula E, de carros elétricos. Nesse ano, Lucas DiGrassi repetiu o feito. Ambos passaram pela F1. Nelsinho em 2008 e 2009. Lucas, em 2010.

 

Foto: Divulgação/Sandro Silveira
Gianluca Petecof diz que deixou o kart para buscar uma vaga na Formula 4

 

Bruno Senna, sobrinho do tricampeão Ayrton Senna, também buscou outros ares após três temporadas na F1 (2010 a 2012). Também competindo da F-E e em campeonatos de endurance, ele se sagrou campeão mundial na categoria LMP2, a segunda mais importante do WEC, em 2017. O principal evento da competição são as lendárias 24 hrs de Le Mans.

A Formula Indy também tem uma longa ligação com os brasileiros desde que Emerson Fittipaldi entrou no campeonato nos anos 1980. Em 2018, o baiano e veterano Tony Kanaan, que foi campeão da categoria em 2004 e levou as 500 milhas de Indianápolis em 2013, terá ao seu lado mais uma promessa brasileira. Matheus Leist migrou para os Estados Unidos e, após se destacar na Indy Light, vai estrear na categoria principal.

Isso mostra que mesmo com todas as dificuldades o automobilismo brasileiro resiste. Seja para o acesso à Fórmula 1, ou em outras categorias no mundo, pilotos continuam levando a bandeira nacional para os quatro cantos do planeta. E, ao menos a médio prazo, não há motivos para que os fãs do esporte a motor se sintam sem representantes.

Porém, é necessário que um trabalho seja feito em prol das categorias de acesso, de modo que haja mais oportunidades para quem sonha em ser o próximo brasileiro campeão do mundo. Além disso, é preciso conservar os autódromos que ainda restam, como Interlagos. Jacarepaguá, que já foi o mais moderno do mundo, deu espaço para os Jogos Olímpicos de 2016, sepultando todo o legado esportivo daquela pista.

 
 
 
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