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Técnico de São Caetano foi vice-campeão mundial de ‘Counter-Strike: Global Offensive’

Dérek Bittencourt
13/08/2017 | 07:10
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Divulgação


Rafael Fernandes já não vai mais a padaria, shopping ou arredores da faculdade onde estudava Comércio Exterior em São Caetano sem ser reconhecido. Aos 26 anos, há pelo menos 13 é mais popularmente chamado de Zakk, apelido que utiliza dentro do Counter-Strike: Global Offensive, um dos jogos de tiro em primeira pessoa mais famosos de todos os tempos. “Fico muito feliz com esse carinho”, admite.

Desde 2016 na função de coach (técnico) da Immortals, equipe norte-americana totalmente formada por jogadores brasileiros, há três semanas o jovem foi vice-campeão mundial no PGL Major da Cracóvia, na Polônia, grande feito para o e-sport nacional e que rendeu ao time premiação de US$ 150 mil (cerca de R$ 476 mil). 

O que para muitas pessoas, sobretudo adolescentes e jovens no Brasil e no mundo, é considerado um hobby, para Fernandes jogar, falar e entender de videogame vão muito além: são elementos que compõem sua profissão. Seu entendimento e leitura da partida, além dos conhecimentos táticos de quem joga profissionalmente desde 2010, o fizeram deixar os familiares no Grande ABC e partir para a Califórnia, nos Estados Unidos, onde divide casa com os colegas de time Ricardo Boltz Prass, Lucas Steel Lopes, Vito Kng Giuseppe e os gêmeos Henrique Hen1 Teles e Lucas Lucas1 Teles. 

“Amo o que faço. A gente também ama a família, mas foi a escolha que fizemos e estamos confortáveis com ela. Quando a gente vem para cá (Brasil), aproveitamos ao máximo. Sentimos bastante saudade, mas quando estamos lá fora temos de focar no CS”, define Zakk.

Além de ser treinador, o são-caetanense acumula funções como assessor, cuidando de toda a logística (viagens, hospedagens, alimentação e outros) para que os cinco players – com média de 22 anos – mantenham os olhos voltados exclusivamente ao monitor. “O que eles têm de se preocupar é com o jogo. Dizem que sou pai, mas tenho quase a mesma idade (risos). Bacana ver que estão aprendendo não só sobre o jogo, mas sobre a vida. CS é quase igual futebol: quando estiver com 30 e poucos anos, acabou. Tento colocar na mente deles que todo o dinheiro que estão ganhando, que é bastante, invistam, guardem, porque quando acabar isso não vamos ter outra ‘profissão’. Tento amadurecê-los em todas as áreas. É muito bacana ver que estão aprendendo.”

Mas para chegar até a condição de um jogador profissional é necessária muita dedicação. E, sobretudo, apoio dos pais. “Não vai ser fácil. Tudo na vida é difícil quando você quer chegar ao topo. Em muitos momentos você não vai acreditar que vai conseguir, mas não duvide de si: jogue o máximo e estude. É importante entender o jogo. Não é só acertar o headshot (tiro na cabeça), mas entender controle de mapa, como um awp pode ganhar posição. Sugestão: junte cinco amigos, faça um time, jogue campeonatos e, mesmo que perca, uma hora ganha”, aconcelha. “Perdi muito antes de chegar aqui. Mas não desisti e estive na final do Major. Mostre aos seus pais a Immortals, que a gente viaja para tudo quanto é lado, que é profissão séria, não brincadeira.”

EXIGENTE

Apesar do vice no Mundial ter superado as expectativas, Rafael não se mostra satisfeito. “Nosso último campeonato foi sensacional, muito mais do que a nossa meta. Chegar à final foi incrível (derrota para o Gambit por 2 mapas a 1), mas temos de lembrar que nos outros campeonatos da temporada não fomos tão bem. Precisamos da consistência de estar em todas as finais. Acho que daqui para frente a gente consegue resultados muito bons”, projeta.

Apesar da confiança, o são-caetanense ainda vê os compatriotas da SK, equipe alemã composta por players brasileiros como Gabriel Fallen Toledo e o mauaense Marcelo Coldzera David (eleito o melhor do mundo em 2016), ligeiramente à frente dentro do jogo. “Mas não estamos muito longe. Pode ser que no próximo Major a final seja a gente contra a SK”, prevê.

Jogo cresce com adeptos como Neymar

Esportes eletrônicos ganham mais seguidores a cada dia, chamam atenção da mídia e despertam interesse de novos praticantes, alguns deles famosos em outros segmentos. Um destes é o atacante da Seleção Brasileira e do Paris Saint-Germain Neymar, adepto de CS:GO. Em 28 de março, durante a goleada do Brasil sobre o Paraguai por 3 a 0, o principal jogador brasileiro comemorou simulando a bandeirinha de escanteio como um rifle, em imagem que correu pela internet.

“Qualquer propaganda é bem-vinda. Tem gente que nem sabia o que era o CS. Então, para quem é fechado para futebol, vê foto dessa do Neymar, vai procurar e curte”, exalta Rafael Zakk Fernandes.

Neymar montou lan-house em sua mansão no Rio de Janeiro para reunir amigos. Os players da SK, por exemplo, já foram convidados para o espaço. Valdivia, do Atlético-MG, e Nenê, do Vasco, são outros fãs de CS




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