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Festas de fim de ano já refletem nos números da Covid

Na última semana, casos aumentaram 62,6% e mortes cresceram 33,9%; dados represados e descuido são fatores responsáveis pelo novo cenário

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
12/01/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


O Grande ABC registrou 3.111 novos diagnósticos de Covid-19 na semana encerrada sábado. Isso significa que 444 casos foram identificados por dia. O número é 62,6% maior do que nos sete dias imediatamente anteriores, quando 1.913 positivos, média diária de 273, foram registrados. A quantidade de vítimas fatais aumentou 33,9%, passando de 62 em uma semana (nove diariamente) para 83 no período seguinte (12 a cada 24 horas). Os dados foram levantados a partir de boletins epidemiológicos divulgados pelas prefeituras das cidades da região.

A alta ocorreu em razão dos dias de Natal e de Ano-Novo, uma vez que há dados represados, já que os laboratórios trabalharam em menos dias da semana e, em alguns casos, com funcionários reduzidos, em sistema de plantão. Além disso, principalmente no caso dos pacientes recém-diagnosticados, também há reflexo do relaxamento dos protocolos sanitários nas festas de fim de ano.

Segundo José Branco Filho, infectologista do grupo Leforte e da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), o impacto de determinado evento nas ocorrências de Covid pode ser observado de duas a três semanas após o ocorrido, ou seja, os infectados no Natal começaram a ser diagnosticados na semana passada, enquanto aqueles que contraíram o vírus no Réveillon podem começar a ser identificados nesta semana.

“A questão não é estar na praia somente. A pessoa vai frequentar um restaurante, a padaria e nem sempre todo mundo está de máscara, este que é o problema”, exemplificou Branco Filho.

O especialista observou que na última quinta-feira já havia relatos de pessoas que se reuniram com amigos e familiares em 24 e 25 de dezembro cujo quadro de saúde já havia se agravado. “Temos casos de família que se reuniram e um dos velhinhos, que estava na aglomeração, já está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e também já há alguns relatos de óbitos”, afirmou.

Contudo, os jovens que ignoraram os protocolos sanitários não passaram impunes à pandemia. Paulo Rezende, infectologista e diretor do Hospital Santa Clara, destacou que, atualmente, a maioria dos infectados pelo coronavírus é de jovens, oposto do que aconteceu no primeiro pico da pandemia. Ele avalia que o cenário indica que a quantidade de óbitos nas próximas semanas pode chegar aos mesmos patamares de agosto. No mês em questão, o Grande ABC não registrou menos que 82 falecimentos em nenhuma das semanas epidemiológicas.

Branco Filho reconhece que a grande dificuldade é o fato de as pessoas estarem cansadas do isolamento físico. Porém, até que a população seja vacinada, não há alternativa. “É usar máscara, manter o distanciamento e a higiene, e evitar aglomeração. Não tem jeito”, reforçou. 




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