Política Titulo Salários
Vereadores custam R$ 19 mi

Câmaras do Grande ABC pagam quantia milionária
em salários para os parlamentares mesmo em crise

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
01/01/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


No ano em que a população brasileira assistiu ao aumento de impostos, redução do poder de compra e ajuste fiscal com medidas que limitaram o acesso a direitos trabalhistas, as sete Câmaras do Grande ABC custaram aos contribuintes da região R$ 19 milhões só com o salário dos vereadores. 

Em conta hipotética, o valor anual do contracheque dos vereadores da região seria possível concluir o Museu do Trabalho e do Trabalhador em São Bernardo (parado há um ano e meio por falta de verba e acumulando sujeira), finalizar a unidade da Emeb Aluísio de Azevedo, no Jardim Calux Calux, em São Bernardo, que só será entregue em 2017, e erguer ao menos quatro creches, cuja obra é avaliada em R$ 5 milhões.

Mas o custo com os Legislativos foi além dos subsídios. Com exceção da Câmara de Rio Grande da Serra, os outros seis parlamentos também gastaram com a estrutura de cada gabinete. Além do salário de assessores (mais de um por vereador), o poder público também bancou benesses dos parlamentares, como verbas para combustível dos carros oficiais e custeio para alimentação dos vereadores. Na Câmara de Santo André (21 vereadores) e de São Bernardo (28), cujo salário parlamentar é de R$ 15 mil por mês, cada gabinete conta com 13 assessores, que recebem entre R$ 1.600 e R$ 8.600.

O Legislativo de São Caetano, chefiado por Paulo Bottura (PTB), gasta anualmente R$ 190 mil por mês só com os contracheques dos 19 vereadores (R$ 10 mil cada). Além disso, a Casa também paga funcionários que custam mais que os próprios parlamentares: R$ 10,3 mil mensais. Em Diadema, além de despender R$ 10.192,10 para cobrir o salário de cada um dos 21 parlamentares, o presidente José Dourado (PSDB) também tem gastos com os vencimentos dos assessores (sete por vereador), que variam entre R$ 2.600 e R$ 3.900 por mês. Em Mauá, cada um dos 23 parlamentares recebe R$ 12.025,40 mensalmente e ainda banca assessores, cujos salários chegam a R$ 5.000. Os Legislativos de Ribeirão Pires (17 vereadores) e de Rio Grande da Serra (13) pagam, respectivamente, R$ 10.021,17 e R$ 6.012,70 por parlamentar.

Os vereadores andreenses se reúnem duas vezes por semana (terça e quinta-feira), enquanto que nos demais parlamentos, as sessões ocorrem apenas uma vez a cada sete dias. Tanto os parlamentares quanto os servidores das Casas não cumprem expediente aos fins de semana e nos feriados prolongados os trabalhos legislativos também são suspensos. Neste fim de ano, a maioria dos vereadores na região cruzou os braços ainda na primeira semana de dezembro e só retornará aos trabalhos em fevereiro.

Presidente da Abracam (Associação Brasileira das Câmaras Municipais), Rogério Rodrigues da Silva defendeu que, assim como todos os setores da sociedade, os Legislativos também precisam ter “bom senso e responsabilidade fiscal”. “Evidentemente que, com a queda nas arrecadações, a previsão é que as receitas das Câmaras também reduzam. Nesse caso, os presidentes (das Câmaras) precisam colocar o pé no freio e enxugar as despesas”, avaliou o dirigente, que sugere a redução dos salários e o corte de verbas indenizatórias como medidas de austeridade.




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