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CHM deixa parturientes sem atendimento
Por Adriana Ferraz
Thales Stadler
Do Diário do Grande ABC
10/01/2008 | 07:00
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Uma espera angustiante e perigosa. No final da noite e na madrugada de ontem, o Diário acompanhou o sofrimento de três gestantes em busca de uma vaga para dar à luz no CHM (Centro Hospitalar Municipal), em Santo André.

De acordo com a direção da unidade, o berçário superlotado não tinha condições de receber mais recém-nascidos. A ausência de espaço deixou mulheres em situação humilhante, sentadas na sala de espera.

Todas estavam com a bolsa d’água rompida e sentindo as dores das contrações. Apesar da urgência, funcionários não sabiam informar a elas como e quando os partos seriam realizados. Além das três mulheres acompanhadas pela reportagem, outras oito passavam pelo mesmo martírio, reconheceu ontem a diretora do CHM, Rosa Maria Pinto Aguiar.

A falta de perspectiva levou Alan Gondin da Silva, 28 anos, ao desespero. Com medo de que a mulher Cristiane Francisco, 30, perdesse o bebê, Silva resolveu agir. “Ela estava sofrendo, largada numa maca (a única gestante que não esperou sentada; ela foi colocada numa sala abandonada do hospital), com muita dor. Esperamos mais de seis horas quando então comecei a ligar para os parentes em busca de dinheiro para pagar o parto num hospital particular”, conta.

Já passava da meia-noite quando a família conseguiu juntar os R$ 3.400 necessários para a internação no Hospital e Maternidade Neomater, em São Bernardo. Cristiane já não agüentava andar, mas se arrastou até a porta. Ela atravessou toda a área interna sem que funcionários oferecessem uma cadeira de rodas.

“Deixamos o CHM no nosso próprio carro. Ela não pôde ser levada de ambulância porque a transferência era para um hospital particular. Logo que chegamos (ao Neomater), o médico fez os exames e iniciou a cesárea. O cordão estava enrolado no pescoço da nossa filha. Ela podia ter morrido”, diz Silva. Às 3h30, Maria Luiza nasceu. Saudável, apesar do susto.

Para quem não pôde pagar, a luta por uma vaga se estendeu até a manhã de ontem. E, para algumas, a espera não teve o final esperado.

Vanessa Francisca de Oliveira Vitor, 21 anos, aguardou 12 horas para ser internada. Conseguiu, mas não teve o bebê. Segundo a cunhada Cícera de Lima, a gestante foi examinada e liberada. “Disseram que a criança, com dois quilos e meio, tinha de ganhar mais peso. Ela passou uma noite horrível, sentada, para ouvir isso.”



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