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Filmes independentes se tornam um gênero
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
27/01/2001 | 16:06
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Bastaram as estatuetas do Oscar para O Paciente Inglês e Shakespeare Apaixonado e os excelentes retornos financeiros de A Bruxa de Blair e Todo Mundo em Pânico. O panorama anti-truste foi imposto de vez no cinema norte-americano e, hoje, o caráter independente está mais para gênero do que propriamente infra-estrutura alternativa de fazer filmes. Os indies (como assim o quer a corte de cinéfilos nos Estados Unidos) que chegarão ao Brasil em 2001 se comprometem com o choro, o riso e o pavor.

As lágrimas vêm de fábrica em Billy Elliot. O drama do britânico Stephen Daldry levou a melhor na Mostra Internacional de São Paulo no ano passado, quando foi eleito o melhor filme segundo o júri. Drama dos bons, narra a identificação do personagem-título, um garoto de 11 anos, com o balé clássico.

Pranto garantido também integra o pacote de You Can Count on Me (Você Pode Contar Comigo), de Ken Lonergan. O filho que imagina ser cria de pai herói, o chefe cuja idéia de hierarquia não é bem aquela e o irmão desaparecido que volta ao lar são algumas das preocupações de uma mãe solteira (Laura Linney).

Se Todos os Homens do Presidente é o manual prático (e clássico) para se fazer o drama político, o diretor Roger Donaldson não perdeu a oportunidade de recorrer a esse porto seguro em Thirteen Days (13 Dias). Tensão é apelido para detalhar a trama fundamentada na crise de mísseis em Cuba, em 1962, que fez o presidente norte-americano John Kennedy e metade de seu séquito suar a camisa. No elenco, o caça-fiascos Kevin Costner.

Sanguessuga – Já há também o frisson declarado da temporada: Shadow of the Vampire (Sombra do Vampiro). Sob a batuta de E. Elias Merhige, a obra fuça os bastidores do filme Nosferatu, obra-prima baseada (sem autorização) em Drácula, de Bram Stoker. O clássico do cinema expressionista alemão tem John Malkovich – no papel do cineasta F.W. Murnau – e Willem Dafoe – na pele de Max Schreck, o protagonista de Nosferatu.

Sam Raimi, Billy Bob Thornton, Cate Blanchett e Keanu Reeves. Diretor, roteirista, atriz e ator que medem milimetricamente o suspense em The Gift (O Dom) e que desafiam o factual ao tentar esclarecer um assassinato por vias esotéricas. E dá-lhe astros em State and Main (Circunstancial e Essencial), comédia de David Mamet, cujo nome é uma variação contemporânea para proclamar excelência em roteiros. Fama e assédio são submetidos à acidez de Mamet, que arrebanha Alec Baldwin, Charles Durning, Philip Seymour Hoffman e Sarah Jessica Parker para expor as tormentas provocadas pela visita de uma equipe de filmagens a uma diminuta cidade nos Estados Unidos.

Para fazer rir há ainda Sugar and Spice (Açúcar e Pimenta), produto dos esforços de Francine McDougall, um aprendiz de irmãos Coen. O humor nonsense do diretor consagra a loirinha Mena Suvari (Beleza Americana) como uma líder de torcida que engravida com interesses financeiros.

Mais insosso e igualmente fantástico, Dungeons & Dragons (Masmorras e Dragões) traz para as telas o famoso RPG (jogo de estratégia) que deu origem ao cartum Caverna do Dragão. A saga do império acuado por um mago (Jeremy Irons) e seus subservientes dragões, dirigida por Courtney Solomon, deve reforçar um ano de lançamentos alheios às adaptações de HQs e seqüências de aventuras milionárias.




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