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Uip se exime de culpa e diz: ‘Não tenho gestão sobre a Fundação’

Reitor da FMABC alega que única medida adotada foi solicitar, por meio de ofício, vacinas para imunizar grupo prioritário contra Covid

Fabio Martins e Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
02/05/2021 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Reitor do centro universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), o infectologista David Uip se isentou de culpa em relação à polêmica denúncia de fura-fila na vacinação contra a Covid-19 por parte de funcionários de setores administrativos da FUABC (Fundação do ABC), grupo que não figura na lista de prioridade da imunização.

“Não tenho gestão sobre a Fundação. O que fiz foi encaminhar pedido (das vacinas) aos prefeitos. Somos (faculdade) um dos mantidos da entidade, que possui cerca de 20 mil funcionários, organização social que tem contratos com diversas cidades. Sequer tenho voz no conselho de curadores”, disse.

O Diário revelou na quinta-feira que oito funcionários – entre gerentes administrativos, jurídico, de RH (Recursos Humanos) e de comunicação, bem como a diretora da Central de Convênios, ou seja, postos de comando da entidade e alguns deles próximos a presidente da FUABC, Adriana Berringer Stephan – foram incluídos em lista, que, em tese, teria 80 profissionais da saúde a serem imunizados, todos ligados à Fundação. Uip foi responsável por assinar ofício enviado às prefeituras de São Caetano e de Santo André solicitando 80 doses da vacina para aplicar em trabalhadores de ambulatórios gerenciados pela instituição.

Junto ao ofício, Uip encaminhou a relação dos 80 funcionários. O documento mostra o CPF e as áreas de atuação dessas pessoas – todas atuam em laboratórios ou em ambulatórios. “Considero gravíssima a denúncia. Assim que fui informado instaurei sindicância para apurar os fatos. Eu oficiei os prefeitos da necessidade de vacinação nos campus. Simples assim. Temos laboratórios e ambulatórios que mexem com Covid. Então, é óbvio que precisava oficiar essa solicitação. Agora, não sei se a lista foi adulterada, fabricada ou erro dentro do centro universitário que se contrapõe à ordem expressa de contemplar aqueles que estão inseridos nos grupos prioritários do PNI (Programa Nacional de Imunização)”, sustentou o reitor.

Uip confirmou que Adriana pediu esclarecimentos sobre o documento, cujos nomes listados apresentavam divergência com os setores citados. “Houve questionamento em relação à autenticidade da lista e se tinha partido do centro universitário. Fui surpreendido pelo ofício. A partir deste episódio abri a sindicância e vou apurar a fundo. Posso dizer que vai ter consequências, isso vai, pois vamos investigar de verdade esse caso.”

A Fundação negou que haja esquema de fura-fila e tratou a denúncia como fake news, afirmando que todos os colaboradores mencionados estão à frente em suas áreas de projetos para o enfrentamento da pandemia.




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