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Grande ABC perde 30% de água
Andrea Catão Maziero
Do Diário do Grande ABC
19/05/2001 | 15:33
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A quantidade de água que se perde mensalmente nas cinco cidades do Grande ABC que gerenciam o próprio sistema de distribuição daria para abastecer, por seis meses, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, únicas cidades da região que recebem água diretamente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A perda física da água, segundo os padrões internacionais aceitáveis, deve ser ser em torno de 14% por mês. No entanto, na região esse índice é de no mínimo 30%, ou cerca de 5 milhões de m³ de água (cada m³ corresponde a mil litros).

De acordo com as autarquias municipais, não é possível separar a perda física da financeira, já que os sistemas em que operam não permite a diferenciação. A meta dos órgãos é ter, a longo prazo, controle rígido de cada tipo de perda. Por enquanto, os índices são estabelecidos pela quantidade de água distribuída e não faturada pelos órgãos.

A perda física da água é aquela em que o produto vai, literalmente, pelo ralo. O vazamento é o principal vilão nesse processo. A financeira é aquela em que a água foi distribuída, mas não retornou transformada em receita. Nesse caso, as ligações clandestinas e a utilização de hidrômetros com mais de cinco anos de uso são a principal fonte de prejuízos.

A Sabesp, que nos últimos seis anos colocou em prática o Programa de Redução de Perdas, conseguiu estabelecer controle rígido da água que vai pelo ralo por conta de vazamentos. De 24%, em 1995, a perda caiu para 15%. A redução, segundo a Sabesp, foi possível graças a investimentos no setor, como troca das redes de distribuição e instalação de bombas automáticas que diminuem a pressão da água em tubulações saturadas.

Quanto às perdas financeiras, o índice está em torno de 18%. A redução, nesse caso, é mais sensível em vista de a pesquisa e a fiscalização dos vários municípios atendidos pela companhia ter caráter individual. Ou seja, é necessário inspecionar cada uma das ligações inativas, atualizar cadastros, combater fraudes em hidrômetros e controlar onde encontram-se as ligações clandestinas.

Índices – São Caetano lidera a lista da região com o maior índice de perdas, estimado em 38%, segundo informações do DAE (Departamento de Água e Esgoto). Diadema e Mauá informaram que as perdas estão em torno de 35%, enquanto em Santo André e São Bernardo o índice bate nos 30%.

As autarquias, no entanto, não têm exatamente como dimensionar o que seriam perdas físicas e financeiras. Com exceção do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que acredita que em virtude dos investimentos feitos no sistema de gerenciamento, desde 1990, a perda financeira pode ser maior que a física. O mesmo acontece com São Caetano, que informou ter o controle das perdas físicas estabelecidas em 38% .

O número de perda, segundo as autarquias, era maior até recentemente, embora não tenham registros exatos de quais seriam as perdas anteriores – a maioria dos órgãos passou pelo processo de municipalização do sistema nos últimos anos.

A Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) garante ter reduzido significativamente o percentual de perdas. Em 1997, o índice estava em torno de 45%, enquanto hoje representa 35%.

As cinco autarquias da região combatem a perda física investindo na troca das redes antigas, de ferro galvanizado (que devido à corrosão ao longo dos anos provoca freqüentes vazamentos) por PVC. Além disso, a instalação dos tubos é transferida da rua para o passeio público. Com esse sistema, evita-se que a vibração provocada pelos veículos possa causar rachaduras nos canos.

A mágica para reduzir perdas é simples – verbas – e todas as autarquias sabem em quais setores é preciso investir a fim de combater o problema. A dificuldade está em obter recursos suficientes para implementar tudo o que foi planejado.




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