Economia Titulo Consumo
Conta de luz está 75% mais cara neste ano

Mesmo com desligamento de usinas, energia ficará
2% mais barata; economia não evitará peso no bolso

Por Marina Teodoro
Especial para o Diário
17/08/2015 | 07:03
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Claudinei Plaza/DGABC


A conta de energia elétrica está cada vez mais alta. Só neste ano, com os vários reajustes e a bandeira tarifária operando na cor vermelha, o consumidor está pagando 75% a mais do que no fim do ano passado. Além de não haver economia que consiga fazer o preço baixar, mesmo o desligamento das térmicas anunciado semana passada só diminuirá de 1% a 2% o valor total.

Os sucessivos aumentos estão deixando muita gente preocupada. A cabeleireira andreense Vilma de Morais, 39 anos, levou um susto quando abriu a conta de luz do mês passado. No mesmo período, em 2014, o consumo em sua casa era de 239 kw/h e o valor ficava em torno de R$ 80. Em junho deste ano, foi a R$ 102, com gasto de energia bem menor (160 kw/h).

No entanto, apesar do esforço para economizar, Vilma viu seu consumo e também sua conta aumentarem em julho. Chegou a R$ 155, com 203 kw/h utilizados. Ela não entende: “Em julho estávamos com uma pessoa a menos em casa (ela se separou do marido), eu e meus filhos ficamos o dia inteiro fora, além de eu lavar a roupa na casa da minha mãe. Não consigo entender porque ficou tão caro”.

De acordo com a Eletropaulo, a redução do preço da conta depende do valor da tarifa. “Desde dezembro do ano passado, até agosto deste ano, se o consumo fosse o mesmo, a conta ainda estaria 75% mais cara”, afirma o diretor comercial da AES Eletropaulo, Rogério Jorge, referindo-se aos reajustes aferidos.

“O que a população não compreende, é que, diminuir o consumo não é o suficiente para baratear o custo, porque a tarifa aumentou muito. Não tem o que fazer”, explica o diretor.

SEM EFEITO - Na ultima quinta-feira, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) informou que haverá uma redução na tarifa adicional, da bandeira vermelha. O valor de R$ 5,50 que é cobrado a cada 100 kw/h consumido, passará para R$ 4,50. Isso pode representar uma diminuição de cerca 2% no preço das contas de luz. O valor exato será divulgado no fim de agosto, e o consumidor só sentirá a diferença a partir de setembro.

Esse adicional é cobrado quando, além das usinas hidroelétricas, as termoelétricas também passam a fornecer energia. Na semana passada, foram desligadas 21 usinas térmicas, por conta das boas condições climáticas e chuvas. Desde janeiro essa tarifa está acionada, e segundo a Aneel, não há previsão para desativá-la.

HISTÓRICO - Só no Grande ABC, a AES Eletropaulo abastece 1.053 famílias, que no início do ano já haviam sofrido um reajuste extraordinário de 31,9%. Esse valor foi repassado aos consumidores devido aos gastos com as termoelétricas que foram ativadas por conta da crise hídrica.

Em julho, um reajuste tarifário anual também foi aplicado, aumentando em 17,04% a conta. Outros encargos foram aplicados, sem contar a bandeira vermelha que continua operando, mas que adicionava até então, a cada 100 kw/h gasto, R$ 5,50 no valor total.

PODE PIORAR - Com tantos aumentos, se o consumidor não tomar atitudes econômicas, as contas podem ficar ainda maiores. O aposentado andreense José Valdemar Solfiati, 65 anos, tem há dez anos um sistema de aquecimento solar para os chuveiros. “É uma boa alternativa se souber usar”, afirma o aposentado, que não usava a resistência que mantinha a água aquecida o tempo todo, e ligava o chuveiro só pra completar o aquecimento quando estava frio.

Porém, há alguns meses uma peça do tanque de armazenamento da água quebrou, e ele está utilizando energia comum e sentindo o peso no bolso. “Minha conta saltou de R$ 170 para R$ 300! Fico inconformado!”

Enquanto isso, a dona de casa Sueli Aparecida De Pieri Fernandes, 48, de Santo André, que também utiliza aquecimento solar, lamenta o cenário atual.

“Não temos outra opção a não ser pagar. Sempre tivemos hábitos econômicos e ainda sim reforcei alguns nos últimos meses, porque sei que pode ficar pior, mas não teve jeito”, afirma Sueli, que pagou R$ 304 no mês passado.
 




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