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Cigarro é vilão para câncer de laringe
Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
05/06/2004 | 20:12
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Cigarro associado ao álcool. A combinação é propícia para o desenvolvimento do câncer da laringe. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), a cada 100 mil habitantes, 17,5 tiveram a doença e os especialistas são enfáticos em dizer que ela está diretamente associada ao consumo excessivo de nicotina, alcatrão e de bebida alcoólica.

Cada trago do cigarro introduz no organismo do fumante outras 18 substâncias – além da nicotina e o alcatrão – capazes de provocar mutações nos tecidos que revestem o órgão, dando origem a tumores. No caso do álcool, o grande vilão é o etanol.

Os homens são mais vulneráveis à doença. Principalmente quando passam dos 50 anos. A proporção é de quatro homens para cada mulher com a doença na laringe. O médico da disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Fábio Pupo Ceccon, diz que os pacientes demoram muito para descobrir que estão doentes porque os sintomas não são tão aparentes e quando a pessoa descobre, é tarde demais. Ceccon explica que os tumores na região da garganta são os mais silenciosos – apresentam poucos sintomas – e se espalham mais rapidamente para os outros órgãos. É a metástase, como os médicos costumam denominar.

Falta de ar e desconforto para engolir podem ser sinais de câncer na garganta. Em 60% dos casos de câncer da laringe, os tumores se concentram nas pregas vocais. E os casos fatais são muitos. “Pouco mais de 50% dos pacientes morrem, geralmente por falta de orientação”, afirmou Marcelo Alfredo, otorrinolaringologista do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André. São 200 mil mortes causadas pela doença por ano no país, segundo o Ministério da Saúde.

De acordo com uma pesquisa da OMS (Organização Mundial de Saúde), o país é o segundo colocado no ranking dos números de casos de tumores nessa região, ficando atrás apenas da Espanha. Anualmente, nos hospitais brasileiros, são atendidos 6,5 mil novos pacientes com tumores da laringe, o que representa 5% do total dos casos de câncer em geral. Em São Paulo, esse porcentual fica em 2%.

O diagnóstico da doença, em geral, é feito por meio do exame laringoscopia. O tratamento mais indicado no Brasil é a intervenção cirúrgica, a laringectomia, que pode ser total (em casos mais graves) ou parcial. Como resultado do pós-operatório, o paciente pode apresentar uma pequena perda da capacidade vocal. A radioterapia também é utilizada no tratamento, mas apenas nos casos mais avançados da doença ou quando o paciente faz uso profissional da voz, como é o caso de cantores, locutores e professores, por exemplo.

No caso dos pacientes que são obrigados a retirar totalmente a laringe, é comum lançar mão de três técnicas para a reabilitação vocal. A mais comum é a laringe eletrônica, que chega custa cerca de R$ 300 e produz um som robotizado. Em seguida, vêm as fonoterapias, em especial a técnica da voz exofágica. “Por esse método, o paciente introduz o ar do esôfago e faz com que a faringe vibre para produzir a voz. Essa técnica só tem eficácia em 40% dos casos”, afirmou o médico Ceccon, da Unifesp. A mais sofisticada – e cara – é a prótese fonatória. Feito de silicone, o aparelho é adaptado cirurgicamente ao traqueostoma e deve ser trocado a cada seis meses.




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