O empresário e jornalista Manoel Paulino da Silva, 49 anos, proprietário do Hoje Jornal, de São Bernardo, e a advogada Camila Francisco, 26, foram assassinados na manhã de quinta-feira, no Guarujá, litoral Sul de São Paulo. Eles estavam no carro de Paulino, uma Mercedes-Benz prata, e, segundo a polícia, tinham acabado de sair de um cartório de registro de imóveis e seguiam em direção a uma oficina mecânica quando foram abordados por uma moto e um automóvel não identificado. Houve perseguição e, na tentativa de fugir, o empresário entrou numa rua onde acontecia uma feira livre. Ele perdeu o controle do carro e bateu no muro de uma casa, quando os dois foram atingidos pelos disparos. Ambos chegaram a ser socorridos, mas não resistiram e morreram a caminho do Hospital Santo Amaro, próximo ao local.

Um suspeito foi preso pela Polícia Militar no início da tarde. Ele tinha uma moto Honda CB 500 preta parecida com a descrita por pessoas que estavam na feira e que viram o crime. O suspeito tinha no bolso um cheque de R$ 3 mil. Porém, no início da noite, o rapaz foi liberado por falta de provas.

Apesar de o crime ter ocorrido por volta das 9h30 – horário de grande movimento nas feiras livres –, a polícia não conseguiu que nenhuma testemunha descrevesse detalhes do caso. A aproximação do carro em alta velocidade e o barulho dos disparos causou tumulto e os feirantes próximos se esconderam atrás das barracas. Mesmo após a retirada dos corpos e do carro, as pessoas que presenciaram os tiros tiveram medo de comentar o assunto.

A polícia ainda não divulgou a linha de investigação que será seguida. O delegado-assistente da Delegacia Sede do Guarujá, Carlos Batista, responsável pelo caso, afirmou que nenhuma hipótese pode ser descartada, mas tudo indica que o crime tenha sido uma execução, já que nenhum pertence foi levado das vítimas.

O delegado ainda disse que os disparos provavelmente foram efetuados a 50 metros de distância do veículo do empresário. Duas balas atingiram as costas do empresário. Um terceiro foi só de raspão. Camila levou três tiros, também nas costas. Um funcionário do IML (Instituto Médico-Legal) do Guarujá afirmou que ambos devem te sido baleados após a colisão do carro no muro. Com o choque, os corpos dos dois teriam ido para frente e, por isso, eles teriam sido atingidos nas costas.

Segundo o sócio de Paulino, José Carlos Caramori Alves, a ex-mulher do empresário teve de tomar medicamentos para se acalmar e não compareceu à delegacia. Por isso, foi Caramori quem prestou esclarecimentos ao delegado Batista. O sócio de Palino não soube dizer quem era a advogada que estava no carro. Amigos de Camila que foram prestar depoimento na delegacia não quiseram falar com a imprensa. Camila era noiva e morava em Praia Grande.

O empresário tinha três filhas adultas – do primeiro casamento do empresário –, que moram no Paraná e seguiram para o Guarujá ao serem informadas sobre o assassinato do pai. O enterro dele será nesta sexta-feira no Cemitério da Vila Juliana, no bairro de mesmo nome no Guarujá. Camila será enterrada no Cemitério da Colina, em Praia Grande.

O empresário Caramori disse não saber quais os possíveis motivos do crime. “Eu o conheço há cinco anos, e nesse tempo todo, nunca desconfiei de nada. Ele (Paulino) não parecia preocupado nos últimos tempos.” O empresário contou que o principal assunto dos dois girava em torno dos negócios, e que ele estava à disposição da polícia para ajudar a investigação.

O jornalista João Natalício, 70 anos, proprietário do Jornal de Notícias, de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, primeiro patrão de Paulino, descreveu a vítima como filho. “Só tenho a lamentar. Ele era muito bem quisto. Tomara que descubram a razão disso tudo”, afirmou.

1 - O empresário Manoel Paulino, 49, seguia em uma Mercedez prata acompanhado da advogada Camila Francisco, 26, depois de ter deixado uma terceira pessoa ainda não identificada pela polícia em um cartório do Guarujá, litoral paulista.

2 - Um moto preta, identificada pela polícia como uma CB 500, e um carro de quatro portas e de cor clara iniciaram uma perseguição à Mercedez de Manoel Paulino e começaram a atirar contra os ocupantes do veículo.

3 - Na tentativa de fugir da emboscada, o empresário entrou em uma rua que abrigava uma feira livre, mas já havia sido atingido. Bateu de frente em um muro e continuou com o pé no acelerador, batendo várias vezes.