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Adriana Esteves e seu lado cômico
Rodrigo Teixeira
TV Press
27/09/2003 | 17:59
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Adriana Esteves está enfeitiçada pela Lola de Kubanacan, novela das sete da Globo. A atriz, dona de uma voz rouca, se diverte com o fato de Lola, personagem que tem um timbre agudo, viver dividida entre dois amores. Ela confessa que até deseja um final inusitado para a personagem. “A Lola poderia acabar com os dois, o Enrico e o Esteban. Seria a Dona Flor de Kubanacan”, diz a atriz, referindo-se à personagem de Jorge Amado vivida por Sônia Braga no cinema e por Giulia Gam na TV. Adriana também dá boas gargalhadas ao lembrar das cenas que já teve de fazer na pele da intrépida personagem. “Já parei de querer adivinhar as atitudes da Lola porque sempre me surpreendo”.

Curiosamente, a primeira parceria com o autor de Kubanacan quase não aconteceu. Lola era para ter sido interpretada por Letícia Spiller. Foi quase uma troca, no entanto. Babalu, de Quatro por Quatro (1994), foi escrita por Lombardi para Adriana. Mas, na época, a atriz recusou. Ela vinha de uma amarga experiência em Renascer, em que recebeu muitas críticas por sua atuação. “Agora eu quis retribuir a generosidade do Lombardi”, afirma. Em sua décima novela em 14 anos de profissão, Adriana reconhece que só depois que começou a flertar com o humor é que ganhou prestígio como atriz. “Mas não quero ficar restrita a um tipo apenas de personagem”, diz.

TV PRESS - Kubanacan acaba de ultrapassar os 120 capítulos e deve se estender até fevereiro. A novela atendeu a sua expectativa inicial?

ADRIANA ESTEVES - Com certeza, pois estou apaixonada por esta novela e adoro a minha personagem. A Lola me surpreende em todos os capítulos. O Lombardi é realmente muito criativo. Quando imagino que deve acontecer algo com a personagem de tal maneira, ele inventa outra coisa que eu não havia pensado. Por isso, já parei de querer fazer previsões para a Lola. Não dá para saber. Já virou até bordão entre a equipe da novela a frase “vamos nos jogar”. E eu estou realmente me jogando.

TV PRESS - Como é viver uma personagem que não é heroína típica mas também não é vilã?

ADRIANA - Neste sentido, Lola é um achado para o que se convencionou chamar de heroína romântica. Eu já fiz várias delas e posso dizer que a Lola é diferente. Ela tem este humor que a salva destes momentos chatos, muito açucarados. Por outro lado tem falhas trágicas de caráter, pouco comuns para as heroínas. Lola é cheia de defeitos e acaba sendo divertida por isso. Ela não tem o menor problema em ser contraditória e isso a aproxima mais da realidade humana do que o mundo fantasioso das heroínas.

TV PRESS - Com quem você gostaria que a Lola acabasse a novela?

ADRIANA - Quem decide isso é o Lombardi. Mas confesso que, pessoalmente, queria muito que a Lola acabasse com os dois: Enrico e Esteban. Acho que pelo próprio perfil humorado da novela dá para terminar assim, pois Kubanacan não é uma novela baseada na realidade. Eu seria a Dona Flor de Kubanacan.

TV PRESS - Cantar na pele da Lola e não utilizar dublagem é corajoso de sua parte. Você fez questão de cantar?

ADRIANA - Na verdade, não iria cantar. Até porque não sei. Mas o nosso preparador musical me viu cantarolando nos bastidores e garantiu que eu poderia cantar sim. Nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Então fomos fazer testes no estúdio e comecei a ter prazer em cantar. E é como se fosse uma cantora mesmo. A gente escolhe os tons corretos para a minha voz, os arranjos adequados, as melhores versões. Acharam interessante e eu também. Até porque sou eu interpretando a Lola como cantora. Porque a minha voz é mais grave e a personagem tem aquele agudinho.

TV PRESS - Você conseguiu prestígio como atriz na pele de personagens com forte toque de humor, como a Sandrinha de Torre de Babel e a Catarina e O Cravo e a Rosa. Pode-se dizer que você achou a sua praia?

ADRIANA - Olha, eu tenho cuidado para não ter este negócio de que cheguei a algum lugar. Eu nunca boto fim em nada. Também não tem esta de fórmula, pois não quero ficar restrita a um tipo apenas de personagem. Mas concordo que quando mergulhei no humor comecei a ter mais prestígio como atriz.

TV PRESS - Kubanacan é uma novela que não tem uma protagonista de fato. Para você, uma protagonista é uma bênção ou um sacrifício?

ADRIANA - Para mim, fazer uma protagonista é sempre uma sorte. Porque gosto de ter esta responsabilidade, mesmo sendo uma carga de trabalho absurda, com muitas cenas por dia e texto para decorar em oito meses. Além disso, é preciso rezar para o personagem dar certo e cair no gosto do público. E caso dê errado, não se deixar abalar, pois é a protagonista que tem de levar toda a estrutura. Kubanacan é uma delícia porque esta função é dividida entre alguns atores do elenco. É como se fosse um time de futebol. Neste sentido, traz algo de novo e diferente para as novelas.




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