O autêntico alcance e detalhes do acordo sobre Perejil poderão ser divulgados depois da reunião entre os dois ministros de Assuntos Exteriores, prevista para esta segunda-feira, indicou neste domingo uma fonte governamental espanhola, que não precisou se restavam muitos detalhes para finalizarem o acordo.
Os dois chefes da diplomacia retomarão assim um contato direto oficial interrompido desde o amanhecer de quarta-feira passada, quando tropas especiais espanholas desalojaram os militares marroquinos da ilha, na qual havia desembarcado em 11 de julho passado.
Aparentemente, Rabat e Madri não entendem da mesma maneira o compromisso alcançado este sábado, depois das negociações do secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, com ambas as partes.
Madri, assim como Washington, fala de um acordo para a volta do statu quo anterior ao mês de julho, o que, na prática, significa uma desmilitarização da ilha (em virtude de um acordo tácito há 40 anos entre a Espanha e o Marrocos, insiste Madrid desde o princípio da crise).
A Espanha obedeceu imediatamente o acordo retirando os legionários e as bandeiras da ilha, situada a menos de 200 metros da costa marroquina e a 10 km do encrave espanhol Ceuta.
No entanto, Rabat não mencionou explicitamente nenhum compromisso de volta ao statu quo, limitando-se a parabenizar a saída dos soldados espanhóis da "ilha marroquina".
Por isso, a Espanha se aferrava firmemente neste domingo a declarações que destacam a posição dos Estados Unidos como "avalistas" do acordo e de Colin Powell como "testemunha de exceção", segundo o ministro do Interior, Angel Acebes.
O ministro da Administração Pública, Javier Arenas, enfatizou neste domingo o "desejo" do governo de que, "com as garantias oportunas, se mantenha o statuo quo, que é o que reclama o Governo da Espanha".
Garantias que Madri considerou prévias a qualquer tipo de acordo, mas que já não apareciam nas declarações públicas na noite de sábado.
Mas, pelo menos para o secretário de Estado marroquino das Relações Exteriores, Taieb Fassi Fihri, as conversações de segunda-feira permitirão "explicar não só o tema da ilha marroquina, como também o conjunto de temas e assuntos que provocaram perturbações nas relações entre os dois países vizinhos nos últimos tempos".
Palacio havia excluído desde o princípio da crise qualquer negociação sobre a soberania espanhola de Ceuta e Melilla, os encraves espanhóis no norte da África. Em compensação, a mídia espanhola apostava que a questão da pesca, imigração e, inclusive, o tema do Saara Ocidental poderão figurar na agenda.
Nestes últimos quinze meses de tumultuadas relações entre os dois países, Perejil "não é o principal problema", destacava o chefe da oposição socialista, José Luis Rodríguez Zapatero, para quem a questão da ilha foi apenas "o detonador".
Os detalhes da reunião Palacio-Benaisa continuam sendo poucos neste domingo e a fonte governamental não pôde precisar se a chanceler espanhola viajará também a Bruxelas para assistir ao conselho dos ministros das Relações Exteriores, como estava previsto inicialmente.
O porta-voz só pôde confirmar que uma outra reunião, prevista para terça-feira, entre Palacio e o secretário-geral da Liga Árabe, Amer Mussa, havia sido cancelada.
A Comissão Européia "parabenizou" este sábado o acordo, apesar da diplomacia européia não participar em nada para sua obtenção, e classificou de "boa notícia para os dois países e para a Europa" a solução da crise, na qual claramente tomou partido pela Espanha.
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