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É tudo verdade robusto

Sempre maior, festival de documentários é gratuito; apresentações especiais ocorrem entre os dias 8 e 18

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
31/03/2010 | 07:00
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Os filmes hollywoodianos consomem milhões de dólares para apresentar efeitos especiais, explosões, grandes cenários e os maiores astros da indústria. Mas os documentários continuam firme em seu propósito de trabalhar com fatos e trazer para a sétima arte a realidade da forma mais crua possível. Eles encontram espaço em grandes eventos do ramo. No Brasil com o "É Tudo Verdade", festival internacional de documentários, que chega a sua 15ª edição e reúne entre os dias 8 e 18 apresentações especiais com sessões competitivas.

"Temos uma programação robusta. Isso se deve muito ao trabalho dos últimos 15 anos e funciona como uma afirmação para o projeto", diz o crítico Amir Labaki, diretor e fundador do festival. "Será uma edição de festa, mas sem nostalgia. Mostramos o passado, o presente e o futuro dos documentários."

Ao todo, 71 projetos de 27 países diferentes estarão na seleção oficial deste ano. As sessões ocorrem em diferentes cinemas de São Paulo, como o Centro Cultural Banco do Brasil, Espaço Unibanco, Reserva Cultural, Cinemateca Brasileira e em salas do Cinemark do Shopping Eldorado. A entrada é franca em todos os filmes. A cidade do Rio de Janeiro também recebe o evento simultaneamente.

O Programa Especial contará com obra do oscarizado Michael Moore - a pré-estreia de "Capitalismo: Uma História de Amor". Nele, o norte-americano mostra o poder do sistema econômico, capaz de fazer com que existam pessoas que tem tudo e outras que não possuem absolutamente nada. Moore busca apresentar a solução com um sistema mais justo para a sociedade.

Outro destaque do programa é "Difamação", do israelense Yoav Shamir. No filme, o diretor faz uma jornada em busca do verdadeiro conceito de antissemitismo no mundo atual. Amir Labaki o define como um dos grandes da sua geração. "Foi um diretor estreante em 2003 que conseguiu se firmar como um dos grandes documentaristas dos anos 2000", ressalta.

A Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens conta com sete produções, entre elas Eu, o Vinil e o Resto do Mundo, das diretoras Lila Rodrigues e Karina Ades. Por meio de relatos, a dupla apresenta a vida de jovens da periferia de São Paulo na disputa do maior campeonato de DJs da América Latina.

Nove filmes disputam a Competição Brasileira. Quem chama a atenção entre os competidores é As Aventuras de Paulo Bruscky, de Gabriel Mascaro. Ele aposta no mundo eletrônico para fazer seu documentário passado no universo do game Second Life. É lá que acontece o encontro do artista eletrônico que dá título ao filme com o diretor Mascaro.

A atual safra tem se destacado por fugir do estilo tradicional dos documentários como os conhecemos, com aspecto didático e formal. "Nos distanciamos dessa tendência e, hoje, o documentário brasileiro está muito mais contemporâneo", comenta o crítico.

Um total de 12 longas participa da Competição Internacional do gênero. Destaque para a participação de La Danse, o "Balé da Ópera de Paris", longa-metragem francês que disputou o Oscar deste ano de melhor documentário.

Já a Competição Internacional de Curtas apresenta nove concorrentes, como "A Travessia do Pato", da Espanha, "Seis Semanas", da Polônia e o cubano "Uma História em Preto e Branco".

Apesar de não ter a diversão como seu foco, os documentários - principalmente os nacionais - estabeleceram necessário terreno no meio cinematográfico. "Esse tipo de produção tem uma parte essencial na história do cinema brasileiro. O documentário é o melhor do cinema nacional atual", acredita Labaki.




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